Sociedade participativa

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O governo pede que o STF suspenda, por decisão liminar, a retirada dos perfis das redes sociais até que a ação seja levada ao plenário. O impressionante é que a medida do STF foi justamente para tentar desativar essa rede de falsidade e mentiras que visa confundir a população. O governo, de forma a atender a Bolsonaro, solicita que os perfis que espalham notícias mentirosas continuem a confundir as pessoas mais humildes e desprovidas de condições de entender quais as informações verdadeiras e as manipuladoras.

Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou o novo Fundeb, após três anos em tramitação, inúmeras negociações com governo, entidades educacionais e mais de 150 debates na Câmara dos Deputados, finalmente, pôs fim às incertezas que ameaçavam a educação brasileira. O governo foi contra e, ao final, Bolsonaro declarou que venceu ao apoiar tal aprovação. Muitos ainda acreditam nele.

Dá a impressão que tais posições em confundir o povo visam à concentração do poder em um líder supostamente carismático capaz de liderar uma revolução cultural baseada em valores da família patriarcal, na religião e no nacionalismo, que somam ao culto da violência e ao individualismo para que os mais fortes vençam. Usam antipolítica e luta contra establishment globalista, com intenção de aniquilamento de ideias que os enfrentem.

A Educação é outro setor no qual essa política atrasada só produziu destruição com efeitos na piora da qualidade e equidade do ensino que serão percebidos em médio prazo. O negacionismo ambiental está impactando as exportações do Brasil, principalmente o agronegócio. As falhas nas políticas públicas ficarão cada vez mais evidentes, devido aos fracassos nas áreas de saúde, meio ambiente e direitos humanos.

O Brasil foi uma sociedade escravagista e é fácil entender os diferentes níveis de desigualdade na história com fatores econômicos, culturais e tecnológicos. Houve nos dois recentes governos uma redução de desigualdade permitindo então prosperidade econômica, crescimento e desenvolvimento. Atualmente, atravessa-se um caos, cuja recusa em redistribuir a riqueza é um erro histórico, porque todos poderiam beneficiar-se de um sistema mais justo, próspero e com mais desenvolvimento.

Toda sociedade humana precisa justificar suas desigualdades e encontrar motivos a sua existência ou corre o risco de desabar: convive-se com altas taxas de desemprego, baixos níveis de ocupação, pobreza e largas desigualdades. A responsabilidade é da sociedade como um todo, e faz parte da cidadania plena adotar políticas de inclusão no dia a dia.

Aqui não é o Egito, todavia, as pragas têm caído sobre o Brasil desde o início deste governo: derramamento do petróleo na costa brasileira, estouro de Brumadinho, fogo na Amazônia, Pará e Mato Grosso, matança por policiais, massacre de Suzano e de Paraisópolis, Covid-19, e esta política que destrói empregos, florestas, posição internacional, saúde e os mais fracos. O país passará em situação deplorável quando pessoas desempregadas recentemente deixarem de receber seguro desemprego e auxílio de R$ 600,00. Com mais desemprego, milhares de pessoas passarão a viver nas ruas, sem esperança: o caos está batendo à porta. A sociedade precisa ser muito mais participativa como, por exemplo, não tolerar gastos e desvios exorbitantes de verbas públicas, assistir ao presidente apenas administrar interesses próprios e conflitos familiares, e passear de moto enquanto a semana terminará beirando cem mil vítimas fatais da pandemia!