“Fome no país é uma grande mentira”

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Em recente encontro com jornalistas estrangeiros em Brasília, Bolsonaro contradisse números do Ministério da Saúde, e declarou: “Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem. Aí eu concordo. Agora passar fome, não. Você não vê gente, mesmo pobre, pelas ruas com físico esquelético como a gente vê em alguns outros países”.

A FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura publicou em relatório, em 15 de julho, que a parcela de subnutridos no Brasil caiu de 4,6% da população no período de 2004-2006 para menos de 2,5% entre 2016-2018, ou seja, ainda há 5 milhões de pessoas desnutridas. A FAO identifica o Brasil como um dos países que combateu a fome e sofreu consequências da crise econômica. Certamente, a situação se deteriorou devido à crise econômica e à falta de investimentos em políticas sociais, pois houve acentuada redução em programas de transferência de rendas. No mundo, segundo a FAO, existem 820 milhões de pessoas passando fome.

A FAO e um grupo de agências da ONU revelaram que o combate à fome no Brasil se estagnou, apesar de o país ter saído do chamado mapa da Fome em 2014. Em 1999, 21 milhões de brasileiros eram considerados subnutridos; e em 2014, 5,1 milhões. Entre 2004 e 2014, foi o apogeu do combate à desnutrição.

Apesar de Bolsonaro ter dito que a fome no Brasil é uma grande mentira, cerca de 6 mil pessoas morrem por ano no país por desnutrição, segundo o portal de dados do Ministério da Saúde. Entre 2008 e 2017, ocorreram 63.712 óbitos por desnutrição, média de 17 mortes por dia. A desnutrição leva à morte em casos em que o sistema fica privado de calorias e proteínas e não produz anticorpos suficientes para combater doenças.

Estudo publicado em junho, pelo Instituto Brasileiro de Economia, mostrou que, nos últimos três anos, o desemprego arrasou ganhos dos mais pobres e ampliou desigualdade no mercado de trabalho. A renda dos 10% mais ricos cresceu 3,3%; já a fatia mais pobre da população amarga perda acumulada de mais de 20%.

Relatório do banco americano Goldman Sachs indica que a América Latina deve viver uma segunda década perdida. O PIB per capita brasileiro caiu 0,3% entre 2011 e 2018. No decênio iniciado em 1981, o recuo foi de 0,5%. O Banco Goldman aponta que, nas nove recessões em que o País viveu desde 1981, o ciclo de expansão que se sucedeu foi significativamente mais vigoroso que a recuperação atual.

No país governado por Bolsonaro, não existem 28 milhões de desempregados (13,9 milhões que procuram emprego no SINE, 6 milhões que não procuram mais e 8 milhões subutilizados), não falta comida, o trabalho infantil não atrapalha, não há desmatamento, o agrotóxico não faz mal e o racismo não existe. Disseram que tirando a Dilma, afastando o PT, fazendo reformas trabalhista e da previdência voltaria o emprego e acabariam os problemas do Brasil, inclusive, da violência! A realidade é uma mentira?!