A convicção liberal de Paulo Guedes, ministro da Economia, parece que foi somente fruto de ilusão teórica. A política econômica aplicada pelo governo nesses 20 meses está bem distante do prometido. Guedes afirmou que transformaria o Brasil numa liberal democracia onde o governo seria controlado pelos poucos da elite, lógico, atendendo a seus interesses. Ao assumir o ministério, disse que iria abrir a economia, privatizar, simplificar impostos e descentralizar recursos aos Estados e municípios.
O liberalismo econômico defende a não-intervenção do Estado na economia, e sim à livre-concorrência, ao câmbio-livre e à propriedade privada. Como rejeita o intervencionismo estatal, defende que as decisões econômicas devam ser tomadas por empresas e indivíduos, e não pelo Estado. Parece que a intenção é privatizar todas as empresas estatais, e entregá-las ao capital internacional.
As privatizações, segundo Guedes, renderiam ao Tesouro 1 trilhão de reais, mas nenhuma empresa estatal foi privatizada neste governo. Única realização foi a aprovação da Reforma da Previdência já realizada pelo empenho do Congresso e construída pelo governo de Temer. Na semana passada, Guedes enviou ao Congresso a primeira parte de uma proposta tímida e modestíssima de sua Reforma Tributária.
Guedes, além de cuidar dos problemas econômicos e financeiros decorrentes da crise do covid-19, terá que executar uma política econômica para cumprir suas promessas de crescimento. Deve também apresentar a tal reforma administrativa e o plano de privatizações que vinha prometendo. Ele é um grande devedor de um plano de retomada do desenvolvimento e do crescimento. Ele é só um teórico e nunca exerceu função pública.
Essa fantasia liberal que este governo prega é apenas uma das faces malvadas de um governo composto por pessoas despreparadas para governar o Brasil. Estão dirigindo o país com ideias confusas, desagradáveis, malfeitas sem coerência. No início, ao assumir o governo, o grupo não apresentou plano de ação e projeto ao Congresso: não tinha, não pensava que ganharia e a equipe ainda está perdida, sem saber o que fazer.
O governo segue com uma conversa de resgate ao conservadorismo nos costumes como se isso fosse cindir a essência do Liberalismo e o combate à corrupção. Vê-se o fervor de Bolsonaro em defender seus interesses e os da sua família: pede a volta da ditadura, em seguida, está de mãos dadas com o Centrão e defendendo o fórum privilegiado de Flávio Bolsonaro.
Vive-se o desastre provocada pela pandemia; é certo, um dos piores momentos da história moderna do Brasil. Só por milagre, viver-se-á nesta década a recuperação. Até mesmo em catástrofes podem emergir coisas boas, pois as debilidades deste governo que não governa, seguem ainda em campanha política. Guedes, Araújo, Damares, Salles e ex-Weintraub expõem fragilidade do governo que, sem apoio e rumo, navega por águas revoltas com alto risco de afundar