O Brasil tem, em 2018, 210 milhões de pessoas, num sistema de capitalismo de Estado: as universidades públicas são inteiramente gratuitas, assim como o sistema de saúde público e, entre os quatro maiores bancos, dois são públicos, assim como as duas maiores empresas, Petrobrás e BR Distribuidora. Tudo isso confronta o pensamento neoliberal reinante. Vive-se a falência do modelo da Constituição de 1988. Há muita frustração na sociedade, desilusão enorme com os políticos tradicionais e busca de mudança, mas entende-se que não é possível mudar o Brasil sem respaldo popular, pois o atual governo é explicitamente mais corrompido que o anterior. Ainda mais: vangloria-se de que a inflação baixou, mas o povo pergunta de que adianta ter inflação baixa se não se existe emprego? Há mais de 13 milhões de desemprego! Como é que podem falar em sensação de bem-estar? Fala-se então que a taxa básica de juro despencou, todavia, o juro do crédito segue alto e a taxa básica caiu porque o consumo caiu; não há demanda para consumir o que é produzido na mesma proporção.
Em pleno ano de eleição, os brasileiros estão pessimistas com a política que o medo resolveu prender a esperança. Os partidos de centro-direita voltaram ao discurso do medo contra a corrupção e o intervencionismo, apostando no desenvolvimento por geração espontânea e manutenção de desigualdades. Lula está fora do páreo e, em sua ausência, os partidos de centro-direita tendem a disputar contra o terror da extrema direita, contra a ideia de que o Brasil só dará certo com aumento de desigualdades, violência contra os mais pobres e restrições de liberdades individuais. Falando em candidatos à presidência, há um político muito venerado, que não demonstra nenhum entendimento econômico, social e político, e suas ideias estão ancoradas ao ódio, pregando ações desprovidas de valores humanos e morais. De outro lado, já conseguiu milhões de pessoas de boa fé, manipulando suas capacidades de raciocinar, alterando mentes com promessas que não poderá cumprir. Seus seguidores abdicam de pensar por conta própria e seguem suas ideias e deixam-no pensar por eles e, ao final, quem não pensar igual é inimigo – “nós contra eles”, ou se está do seu lado ou está contra e é inimigo, clamando seus correligionários à vingança. Muitas dessas pessoas sentem-se prejudicadas por alguma maneira pela gestão socialista do PT, enquadram-se como vítimas e conclamam por vingança contra seus algozes sem sentir nenhuma culpa, pois, afinal, foram vítimas. Aí justifica-se o ódio contra o socialismo.
Na semana passada, o editorial do Jornal New York Times disse que Lula está na prisão e a democracia do Brasil está em perigo; que a Lava Jato deu grande golpe na corrupção no maior país da América do Sul, mas também desestabilizou o sistema político, ajudando a empurrar a economia à recessão, e deixando milhões de desempregados. A Ministra do Superior Tribunal de Justiça Nancy Andrighl decidiu encaminhar à Justiça Eleitoral de São Paulo o inquérito instaurado com base na delação da Odebrecht que investiga Geraldo Alckmin por suspeitas de caixa dois: ficou fora da Lava Jato e a investigação agora passa a ter caráter de crime eleitoral e não de crime comum. E a pergunta “quem mandou matar Marielle Franco?” sequer foi discutida em sociedade, apesar de passarem 30 dias do seu assassinato. O Datafolha pesquisou junto aos eleitores brasileiros, entre 11 a 13 de abril, que 31% são anti-
Lula; 32%, Pró-Lula; e 37%, eleitores-pêndulos: não se enquadram nos dois extremos e são eles que devem decidir a eleição.