São sinônimos de incivilidade: descortesia, grosseira, ignorância, impolidez, indelicadeza e inurbanidade. Estes são os palavreados e as atitudes que ocorrem nesta eleição: muita grosseira todos os dias. Alckmin afirma que Haddad e Bolsonaro não prestam, e que ele é a única opção. É a fala de um governador medíocre sem projeto convincente nem apoio dos seus colegionários. O ex-general Mourão declarou, em Uruguaiana, 26 de setembro, que o 13º salário e o adicional de férias são pesos insuportáveis aos empresários. Declarou, uma semana antes, que casa onde não há pai nem avô, os jovens cuidados pela mãe e/ou avó, torna a família uma fábrica de elementos desajustados e que tendem a ingressar em narco-quadrilhas que afetam o Brasil. Bolsonaro foi esfaqueado por um desequilibrado mental e, apesar de se lamentar esse ato insano, demonstrou que é um ser humano frágil como todos. O que é difícil de entender são suas falas críticas justamente às mulheres, 52% do eleitorado.
Em 29 de setembro, muitas dezenas de cidades no Brasil e no exterior foram palco de atos contrários à candidatura de Bolsonaro. Todas as capitais manifestaram-se contra Bolsonaro. Os atos foram coordenados pela campanha #EleNão, criada em um grupo no Facebook que reúne 3,8 milhões de mulheres. Pelo mundo, protestos ocorreram nos Estados Unidos, Argentina, Chile, Espanha, França, Portugal, Alemanha, Itália, França e Suíça. As lideranças do movimento afirmam que a campanha é para alertar a população sobre as ideias de Bolsonaro, consideradas pelos participantes como “fascistas e machistas”.
Um fato inaceitável foi sua participação durante ao impeachment de Dilma Rousseff quando, na manifestação do seu voto, exaltou o perverso torturador Carlos Brilhante Ustra, dizendo que o torturador foi o terror de Dilma. Ustra foi o primeiro militar reconhecido pela Justiça como torturador e comandante de uma delegacia de polícia em São Paulo acusada de ser palco de mais de 40 assassinatos e de, pelo menos, 500 casos de tortura. Como se pode fazer apologia à tortura? Como se pode endeusar alguém que tem prazer em torturar seres humanos impingindo as maiores barbáries sobre as vítimas? Em programa televisivo, Bolsonaro disse ser favorável à tortura; na rádio, que “o erro da ditadura foi torturar e não matar”.
Coronel Ustra, o líder das torturas na ditadura militar
Em palestra no Clube Hebraica em São Paulo, disse: “Fui num quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles”. Na mesma palestra, comentou: tenho quatro filhos homens e no quinto, eu dei uma fraquejada e veio mulher. Quando foi questionado pela cantora baiana Preta Gil, no programa CQC, sobre o que faria se seu filho se apaixonasse por uma negra, disse: “Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu”.
A onda reacionária é muito perigosa. Bolsonaro defende a ditadura militar e a diminuição do Estado. Com Maria do Rosário, deputada federal do Rio Grande do
Sul, sua inimiga mortal, disse num discurso na Câmara dos Deputados: “Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de estuprador, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui pra ouvir. Ao explicar a frase: “Ela não merece (ser estuprada) porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria. Eu não sou estuprador mas, se fosse, não estupraria porque não merece”.
Disse também que “Mulher deve ganhar salário menor porque engravida”. Justificou a frase: “quando ela voltar da licença-maternidade, terá mais um mês de férias, ou seja, trabalhou cinco meses em um ano”. Outras preciosidades de incivilidade dele foram: “Deveriam ter sido fuzilados uns 30 mil corruptos, a começar pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso”; “Não sabia que o Eduardo Cunha tinha problemas com a Justiça”; “Paulo Guedes (seu economista da campanha) é meu posto Ipiranga”; “Os portugueses nem pisavam na África, os próprios negros que entregavam os escravos”, entre outras.
Lógico que cada eleitor tem o direito de votar em quem quiser. Lamenta-se que há quem apoie candidatos que desejam a volta da ditadura, torturadores, que sejam misóginos, que tenham preconceitos a negros, índios e homossexuais. A sociedade brasileira é diversificada, Multi Raça, e cada um tem a opção de fazer suas escolhas. Não se sabe o que acontecerá, mas beira-se e alimenta-se um sistema de ódio entre classes; isto não terminará bem: haverá perda em todos os lados. É assustador que alguém que represente e incentive violência e destruição dos mais fracos e pobres. Precisa-se de presidente conciliador com equilíbrio e provedor da paz, sem dividir classes. Hitler, Stálin e vários outros ditadores que cometeram massacres chegaram ao poder porque, em algum momento da história, parte dos formadores de opinião os apoiou por questões ideológicas, apesar de saberem de seus desvios éticos e de caráter. O Brasil está à beira do caos e a união de todos é necessário! Chega de ódio!