O uso constante da mentira através da comunicação pelas redes sociais de forma persistente disseminando mitos sobre verdades com objetivo para confundir o debate público mantém seus apoiadores, e enfraquecem poderes políticos, Forças Armadas, Universidades, SUS, Ministério Público, IBAMA, governadores, prefeitos, Tribunal de Contas da União, Congresso e Supremo Tribunal Federal, na tentativa de subverter toda a lógica que sustenta a democracia brasileira.
Cria-se um poder paralelo, instaurando método alternativo de governar e de legitimar ações políticas se utilizando de verdades alternativas, mentindo descaradamente sobre números, fatos, documentos. Utiliza-se de falas deturpadas daqueles que discordam do governo. O uso de mentiras tem como suporte fontes de informações não oficial e utilização de manobras evasivas. A tática de espalhar confusões e inverdades são comandadas por atos públicos de Bolsonaro, gerando argumento para que seus seguidores possam defender uma verdade alternativa.
Muitos dados sobre políticas públicas construídos arduamente nos últimos 40 anos estão sendo destruídos. Bolsonaro tem gastado boa parte do seu tempo enfraquecendo a autonomia de organizações e poderes do Brasil, demolindo instituições e reinventando uma sociedade só para si: acredita-se que esse desacerto pode ser fabricação política. Por outro lado, diante dessa fragilidade, o Centrão se aproveita, e quer receber pelo apoio. Esses 20 partidos que compõem o Centrão não têm plataformas políticas ideológicas: apoiam Bolsonaro em troca de favores.
Bolsonaro viajou três mil quilômetros com destino aos confins da Amazônia para inaugurar uma ponte de madeira de 18 metros. Foi acompanhado por cinco generais, entre eles, o Ministro da Defesa Braga Neto, o Comandante do Exército Paulo Sérgio, o Comandante Militar da Amazônia Legal César de Souza. Em discurso, Bolsonaro afirmou que o Brasil não vive período de normalidade, cuja liberdade depende das Forças Armadas, e disse: “Tenho certeza de que vocês agirão para que a gente parta para a normalidade”. Ele quer as Forças Armadas em sua campanha política de 2022 ou, no mínimo, como retaguarda. Fabrica-se uma atmosfera de incertezas e insegurança para deslegitimar a eleição de 2022.
O país piorou muito desde 2016: promessas de melhoras quando da reforma da previdência e trabalhista não surtiram efeito aos trabalhadores. Analisando a situação atual, percebe-se que será preciso triplicar a taxa de crescimento da produtividade total da economia para o Brasil crescer 2% ao ano. O atual governo não tem condições de tirar o país da armadilha de baixo crescimento, pobreza e desigualdade, pois sabe-se que não se tem convicção e competência para avançar com abertura econômica e combater privilégios de corporativismo que se utilizou para garantir apoio político. Mesmo prometido, não houve privatização, abertura comercial ou fim de reservas de mercado.
A maioria dos brasileiros descobriu que os problemas reais do país não se resolvem elegendo “salvador da pátria”, mas sim por meio da mobilização cívica e da união de esforços da sociedade civil e governo, essencial para impulsionar a retomada de renda, emprego, investimento e diminuição da desigualdade social. Quem deveria estar na presidência é alguém com experiência política e administrativa que governasse o Brasil com sensibilidade à demanda dos menos favorecidos e capaz de resgatar a reputação internacional do Brasil. A democracia se mostrou incapaz de contemplar e de ter canais para responder a essas frustrações. Não é mais possível governar usando constantemente a mentira e considerar que existe uma verdade alternativa.