Segundo João Dória, Bolsonaro, ao negar o acesso à vacina aprovada pela Anvisa em meio à pandemia que já vitimou quase 160 mil brasileiros e deixou 5,1 milhões de infectados, é criminoso. Deixou claro que sabotou quarentena, promoveu aglomerações, demitiu ministros da Saúde por insistirem em seguir protocolos profissionais, boicotou máscaras, desprezou ciência e continua estimulando surreal movimento contrário à imunização. Enquanto isso, o mundo inteiro espera a vacina e o conhecimento que salvam vidas porque é a única maneira da normalidade voltar.
A insensatez liderada por Bolsonaro, quando uma das centenas de vacinas em desenvolvimento se provar segura e eficaz encontra resistências descabidas à frente. Se o governo federal desonrar a vacinação da população brasileira, caberá a estados e municípios levar adiante campanhas de conscientização, melhor recurso para inspirar confiança. Governadores e secretários de Saúde do país cogitam a possibilidade de se unirem em um consórcio para financiar e distribuir a Coronavac, assim que houver aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.
Bolsonaro faz campanha irracional contra a adoção da vacina e a obrigatoriedade da imunização. O Instituto Estadual Butantan, responsável pela fabricação da vacina no país, diz que a Anvisa retarda a aprovação da importação de insumos. Se aprovada logo, haverá dois meses de dianteira no processo de vacinação, o que pode salvar muitas vidas e reduzir o estrago econômico da pandemia. Fux, presidente do STF, afirmou na semana passada que vê com bons olhos a justiça entrar na discussão sobre a vacina do coronavírus e tomar decisão a respeito.
Quando se trata com leviandade a questão da vacina e não se vê questão técnica, mas sim fruto de cálculo mesquinho político míope com intenções de agradar à base mais amalucada do bolsonarismo, que fica aterrorizada com coisas feitas na China Comunista, entendeu-se quando Bolsonaro publicou em rede social, em letras maiúsculas, “NÃO SERÁ COMPRADA”, em resposta a um internauta que alegara querer ter um futuro, mas sem interferência da ditadura chinesa. Ele já sabia que o Eduardo Pazuello andava fazendo com a “vacina chinesa”.
Posteriormente, Pazuello foi desautorizado de modo irresponsável e vexatória por Bolsonaro que, se insistir em colocar seu interesse político de 2022 acima da saúde pública, será fadado ao isolamento e à irrelevância. Bolsonaro faz questões de deixar claro que o governo não trabalha com parâmetros técnicos e que a saúde da população não é prioridade. “Não compraremos vacina da China, Presidente sou eu”. É falta de visão holística.
Enquanto isso, na vida econômica, percebe-se que não se liga muito aos sinais de infecção na economia. Desde fins de agosto, taxas de juro subiram degraus e lá no alto ficaram. O dólar não baixa da casa dos R$ 5,60, dado a incompetência do governo endividado. A taxa de desemprego chega a 17% entre mulheres e 16% entre negros; a desocupação tem forte desigualdade regional e por idade, maior no Nordeste e para jovens.
Como viabilizar investimentos vultuosos em área de alto retorno social como educação, saúde com objetivo de colocar o Brasil no caminho de crescimento inclusivo, acelerado e sustentável para sanar finanças públicas, hoje próximo a 100% do PIB, fonte de incertezas e crises recorrentes. Para dividir riquezas é preciso criá-las. Para gerar riquezas, é preciso alcançar elevados níveis de produtividade e ações à qualidade, ampliando riquezas e gerando mais empregos. O governo precisa apresentar resultados eficazes porque o tempo esgotou. Quem tem um mínimo de consciência coletiva tem que defender a população, o bem estar comum e não uma pessoa que só pensa em si e nos seus.