Trend Ghibli: A trend que fala mais sobre nós do que imaginamos

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Nos últimos dias, o Instagram parece ter mergulhado num sonho. As ruas cinzas viraram cenários encantados, fachadas comuns ganharam cores suaves, e rostos cansados surgiram com um brilho nostálgico. É a trend Ghibli — um filtro inspirado nos filmes do estúdio japonês que transformou o cotidiano em poesia digital.
Mas essa tendência vai além da estética. Ela revela um desejo coletivo: o de fugir, ainda que por instantes, de uma realidade pesada e acelerada. Em meio a tanta correria, caos e ruído, as pessoas estão buscando abrigo na delicadeza. Esse filtro viralizou porque oferece não apenas um novo olhar, mas uma nova sensação: a de que o mundo ainda pode ser bonito, calmo, quase mágico — mesmo quando tudo parece cinza ao redor.
É escapismo? Sim. Mas também é termômetro. Por trás das imagens encantadas, há uma exaustão real. Uma sede de pausa, de silêncio, de significado. A estética Ghibli toca fundo porque lembra um tempo em que as histórias tinham alma, e os detalhes — como a brisa, o chá quente ou um olhar demorado — tinham valor e presença.
As tendências que abraçamos dizem muito sobre o que estamos sentindo. Elas revelam nossas faltas, nossas saudades e o que ainda nos move por dentro. Marcas que apenas seguem a moda correm o risco de parecer vazias. Mas aquelas que escutam o que há por trás da imagem — o sentimento, a memória, o desejo de pertencimento — criam algo que toca, que permanece, que respira junto com a alma do tempo.
No fim, não é sobre Ghibli. É sobre narrativa. Sobre o desejo de que a vida, mesmo nos seus dias comuns, possa ser vivida como uma história que vale a pena ser contada, com começo, meio, profundidade e propósito.
Porque o feed passa. Mas o que toca a alma, permanece.