Tentativa em implantar a autocracia

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Respondendo às pesquisas, 75% dos eleitores brasileiros consideram a democracia a melhor forma de governo, entretanto, segundo o resultado das urnas no primeiro turno, 41% dos eleitores votaram num candidato que ameaça a democracia. Em entrevista em 7 de outubro à Revista Veja, Bolsonaro apresentou um plano onde pretende indicar mais cinco ministros do STF, e deu a entender que a prioridade é frear as investigações que ameaçam sua família. Ele avisou que pretende atacar a cláusula pétrea da Constituição e que tratará disso depois de reeleito.

A democracia é o principal valor político em jogo nesta eleição e ninguém deveria esquecer os perigos quando autoridades se mostram saudosas do regime militar, elogiam torturadores e que convocam multidões para pressionar o Poder Judiciário. A história mostra que líderes autoritários usam o segundo mandato para aumentar seu poder e reduzir as instituições.

As eleições de outubro elegeram uma bancada de senadores de extrema direita e fica claro que, se Bolsonaro vencer, terá maioria para mudar a Constituição e neutralizar o Supremo Tribunal Federal. Bolsonaro espalha pelo Brasil a teoria do autoritarismo: ataca o sistema eleitoral, as urnas eletrônicas e aparelhou o Estado para seu processo de autocracia criando um clima de golpe que pode ocorrer.

Ele usa a máquina do Estado para sua reeleição: antecipou o pagamento de benefícios sociais pela Caixa Econômica, incluiu novas famílias no Programa Auxílio Brasil e nomeou policiais federais e rodoviários federais que foram aprovados em outros concursos e que aguardavam nomeações. Em julho, os congressistas autorizaram o uso de 41,2 bilhões de reais em benefícios sociais apesar da legislação eleitoral proibir essa medida no ano da eleição. A presidenta da Caixa, na semana passada, anunciou a antecipação dos pagamentos do Auxílio Brasil.
É preciso falar da demolição do IBAMA, do desmonte do ensino público, da ‘rachadinha’, do envolvimento das forças militares nas suas ambições absolutistas? Existem 33 milhões de famintos, Amazônia em chamas, e o que esperar mais? É hora de se unir pelo menos para preservar o instinto de sobrevivência.

Falta-lhe humanidade ao debochar das quase 700 mil vítimas do Covif-19, ao declarar admiração por um torturador da ditadura militar, ao desrespeito com os jornalistas, estímulo à violência física contra adversários. Ele está promovendo uma fusão entre a religião e o Estado, descrebilizando as outras instituições federais, principalmente, para justificar o aparelhamento das forças policiais e do Judiciário. Se isso ocorrer, haverá um retrocesso civilizatório da sociedade moderna.

Será que comprou tudo e todos; fala-se o que se quer e se blinda? É para comer um índio com banana? Ela não merece ser estuprada? Sabe por que se vota em alguém que quer estar acima de todos? Porque muitas pessoas se identificam inconscientemente com ele! Por querer estar acima de tudo! Os bolsonaristas fingem estar indignados porque alguém é supostamente apropriar-se de algo que não é seu para poder se autorizar a desejar o líder descaradamente perverso que está acima de tudo e de todos, assim como se deseja ser. Será que algum dia acordarão de seus sonhos devassos?