Bolsonaro esteve na 76ª Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque e, na sua apresentação, proferiu falas distorcidas da realidade: foi um discurso sem alma, cuja participação de 12 minutos foi tempo suficiente para ouvir mentiras, indicando imagem de anacronismo e ignorância. A mídia europeia disse “é impossível o Brasil recuperar a credibilidade”. Além disso, todos viram que encenou o conto do homem simplório comendo pizza na calçada e picanha nos fundos de um restaurante. Ele foi o único presidente a se vangloriar por não ter tomado vacina, e foi lá para transformar a tribuna da ONU em palanque de campanha eleitoral.
O jornal espanhol El País publicou artigo, após a reunião na ONU, afirmando que não era culpa só de Bolsonaro que o mundo zomba do Brasil, e declarando que as desculpas políticas para não abrir processo de impeachment contra ele são ridículas, além de perigosas. Diz que parcela expressiva da população prefere engolir cloroquina discursiva oferecida pelo presidente que ver a realidade, fingindo espécie de normalidade.
Não se pode esquecer alguns desmandos bolsonaristas: (2019) em fevereiro, Bebiano foi demitido da Secretaria Geral; quatro meses após, o Gal. Santos Cruz. Em agosto, Bolsonaro desdém da beleza da mulher do presidente francês Macron. (2020) Em junho, o ex-assessor da família foi preso. Em outubro, Bolsonaro proíbe Pazuello de comprar vacinas da Coronavac e Pfizer. (2021) Em março, demite o ministro da Defesa; em julho, insinua fraude nas urnas eletrônicas; em setembro, declara que não mais cumprirá ordens de Alexandre de Moraes; na ONU, distorce dados sobre Covid-19, Amazônia e Economia.
Tem-se a impressão de que Bolsonaro se coloca no papel de propagandista do negacionismo científico e na defesa de remédios ineficazes contra o Covid, e mostrou que não se arrependeu de ter propiciado política de exposição intencional da população ao vírus. Ignora a realidade e, como seus seguidores fanáticos, vive num conto de fadas em que insiste em relatar ao mundo. O contraste entre palavras e realidade é gritante, e suas ações em Nova Iorque deixam claro suas intenções eleitorais.
Seu comprometido Ministro da Saúde Marcelo Queiroga que, sempre deixando o nariz de fora da máscara, contraiu o vírus do Covid-19 e está isolado em Nova Iorque. Além disso, foi flagrado fazendo gesto obsceno com o dedo médio contra os manifestantes, em completa atitude de ausência de urbanidade, enxovalhando a imagem do Brasil. Essa turma que está no poder transformou o cotidiano nacional em guerra constante contra a democracia. Não há qualquer plano de governo.
O que espanta é saber que bolsonaristas radicais têm ligação mais emocional e psicológica com seu líder e estão convencidos de que ele é perseguido por todos, e encaram isso como perseguição a eles próprios e ao Brasil que idealizam. É o empoderamento do homem médio, invisível, conservador, e se vê reconhecido pelo bolsonarismo. É a exaltação da suposta macheza e da direita.
Na semana passada, no Banco do Brasil, um sexagenário, com uma guia na mão, perguntou-me de que forma pagaria o INCRA. Dirigi-o ao caixa, e perguntei por que pagava o INCRA. Em resposta, gritou: ”É dinheiro pro Lula!”. Fui atrás e disse-lhe que o Lula estava há 11 anos fora da presidência, arregalou os olhos como não acreditasse e ficou com cara de espanto, demonstrando sua ignorância. É esse tipo de gente que ajuda Bolsonaro a destruir a economia do Brasil. É gente sem alma!