Sedição

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A democracia americana assistiu a cenas inacreditáveis em 2021, quando uma multidão de extremistas pró-Trump invadiu o Capitólio. A invasão ocorreu após o discurso insuflado de Trump e uma série de provocações publicadas. Trump é o pioneiro da política de ressentimento: porta-voz do sensacionalismo, do discurso radicalizado e da intimidação. Tal fato passou a imagem de uma nação fragilizada no que sempre reivindicou como seu ativo: o posto de guardião da democracia mundial.

Trump sabotou de forma impiedosa o poder da hegemonia americana. Os brancos amotinados de Trump transitavam com bandeiras confederadas, com simbologia nazista, racista e separatista, zombando da democracia. Ao não repelir os invasores, Trump se mostrou ao lado de um golpe sem precedentes à democracia dos EUA. Foi uma cena terrível, abominável!

Por aqui, Bolsonaro alimenta semanalmente teorias conspiratórias sobre as urnas eletrônicas e sabe-se que ele radicalizará sua campanha de sabotagem à democracia, à urna e ao voto. Ele usa a carta da fraude eleitoral, focada em sua obsessão pelo voto impresso. Basta acompanhar o processo eleitoral americano nas redes sociais bolsonaristas para saber o discurso montado para 2022. A fraude brasileira já está no forno. Bolsonaro será derrotado no ano que vem e até o discurso de culpar a mídia será igual a de Trump.

Bolsonaro declarou que o Brasil está quebrado e que não consegue fazer nada. Desde a sua posse, já no primeiro semestre de 2019, divulgou texto afirmando que o Brasil é um país ingovernável e disfuncional. Ao confessar seu fracasso, Bolsonaro deveria renunciar. Quando proclama sua ineficiência e inaptidão ao cargo, fica evidente de que se apresenta como vítima, alguém que deseja a todo custo se esquivar da responsabilidade, e fazer-se de vítima na porta do Palácio da Alvorada perante seus apoiadores.

Após 10 meses e da morte de mais de 200 mil brasileiros, Bolsonaro se beneficia da falta de manifestação de rua, devido à medida de distanciamento social. A pandemia gerou imobilização popular. Bolsonaro voltou a insinuar que houve fraudes nas eleições presidenciais dos EUA e defendeu o voto impresso em 2022 no Brasil, com tom de ameaça, um dia após a invasão do Capitólio em Washington, por apoiadores de Trump. Ele ameaça dizendo que caso esse sistema não ocorra, o Brasil terá um problema maior que os Estados Unidos.

A vida institucional não é um palanque e as pessoas devem ser responsáveis pelo que falam. O Brasil está longe de ter um plano sólido de vacinação. Bolsonaro continua protagonizando cenas de aglomeração e descaso, deixando o país cada vez mais isolado no cenário internacional de enfrentamento dessa crise. Parece que em 2021 caminhamos para um cenário mais dramático no que concerne às desigualdades. Não se esqueça de que os presidentes se vão e o povo permanece!