Rosas brancas

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O discurso de Jair Bolsonaro, em sua campanha eleitoral, se baseou na ideia de alternativa radical a favor do antipetismo, linha dura da segurança, valores da família, honestidade e sinceridade. Foi eleito com a retumbante promessa de acabar com a corrupção e a desfaçatez no Brasil. O que se vê, entretanto, é um produto da democracia deformada que se seguiu à ditadura e à corrupção do sistema que diz denunciar: vê-se apoio a violências contra mulheres, homossexuais, negros, indígenas, Amazônia, saúde e Educação. Dólar acima de cinco reais, queda vertiginosa do PIB, desemprego absurdo, nível de pobreza intolerável, educação e saúde abandonadas deixam claro que todos são vítimas da política desastrosa à proteção das classes dominantes.

Na Alemanha, em 1942, o movimento “Rosas Brancas” era composto por universitários que não apoiavam o nazismo, depositavam nas caixas de correio panfletos que condenavam a passividade da sociedade alemã contra o nazismo e apelavam para que as pessoas resistissem. Foram assassinados em 1943, mas plantaram a semente que fez os alemães pensarem aonde aquela política monstruosa estava conduzindo a Alemanha.

A prisão de Fabrício Queiroz, em 18 de junho, em Atibaia, faz ainda mais pressão sobre o clã bolsonarista. Procuradores do Rio de Janeiro tiveram cuidado de pedir também a prisão preventiva da mulher de Queiroz, elevando chances de delatar malandragens do desvio de dinheiro público ao invés de assumir sozinho a culpa dos crimes. Ser encontrado na casa do advogado Frederick Wassef sugere que estava lá sob orientações do clã, que é advogado de Bolsonaro e do filho Flávio, além de circular nos meios presidenciais como homem de confiança, com codinome “Anjo” da família Bolsonaro.

Queiroz foi preso sob acusação de interferir na coleta de provas no caso em que é investigado por suspeita de participação em esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. O fantasma do Queiroz ressurgiu para assombrar Bolsonaro que, como reação inicial, demitiu Abraham Weintraub, o 10º ministro a cair desde o início deste governo, sendo a maior derrota do bolsonarismo ideológico. Após 14 meses de estragos feitos no Ministério da Educação, ele só acumulou polêmicas e pouquíssimo fez pela educação do Brasil, além de cumprir um papel político, replicando o posicionamento ideológico bolsonarista.

A nomeação de Weintraub ao Banco Mundial, instituição multilateral de fomento ao desenvolvimento com sede em Washington, não se trata de prêmio de consolação, mas de estratégia para tirá-lo do país, evitando sua prisão pelo Supremo Tribunal Federal. O salário mensal do diretor do banco é de R$ 115,8 mil, muito superior ao salário de ministro, R$ 31 mil por mês. Weintraub deixou o governo marcado por polêmicas e projetos parados, derrotas do governo no Congresso, confusão no ENEM, ausência de diálogo com universidades públicas e total falta de liderança. Essa conclusão ficou clara quando se viu Weintraub viajar aos Estados Unidos como ainda ministro da Educação, com verbas governamentais e entrar com o passaporte diplomático, porque os brasileiros “normais”, ao entrar nos EUA, tem que cumprir quarentena.

Queiroz e Weintraub são ervas daninhas do governo que foca nas elites o controle do discurso e querem destruir a legitimidade da oposição, colocando-se como vítimas do sistema em que Bolsonaro é o maestro. Milhões de simpatizantes manipuláveis buscam autoridade em quem tem como base a força. Ninguém precisa ser comunista ou filiado ao PT para entender que este governo não deu certo, que desprotegeu trabalhadores e necessitados, assim como a economia, a saúde e a educação. Como no movimento Rosas Brancas, ‘deposite’ nas cabeças de seus amigos o amor ao Brasil justo para todos, deixando claro que se condene de vez a passividade da sociedade brasileira contra o fascismo!