Em 1969, soaram os últimos apitos do último trem da Rede Ferroviária Federal de Santa Catarina em Blumenau. A ordem foi interromper as linhas férreas do Brasil, inclusive, cumpriram-se ordens para desconstruir os trilhos. O Brasil é um país continental, com linha férrea pífia. A indústria estrangeira internacional obrigou o governo brasileiro a tomar essa atitude e, em troca, construíram fábricas de caminhões para modernizar o país. Em 1985, acabou a ditadura, e parecia que se tomariam outros rumos. Agora, fala-se em vender as empresas públicas brasileiras para gigantes corporações ultra nacionais. Testemunharam-se a criação e a discussão da Constituição de 1988, e o Brasil tomou outro rumo, baseado na liberdade e fraternidade.
De 1986 para cá, o país foi presidido por Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma e Temer. Num ritmo de crescimento e mesmo com dificuldades na classe política, havia uma sequência de posicionamento e, em 2019, o Brasil tomou um rumo inimaginável. As coisas andavam numa sequência em constante crescimento harmônico, mas se percebeu que não é assim: não há lógica futura e a vida é feita de ciclos não harmônicos e sim marcados por sequências de fatos ilógicos. Com a vitória do egoísmo e do individualismo, percebe-se que não é o bem estar de todos que interessa, e sim a vontade daqueles que possuem mais capital, inteligência, sagacidade, violência e individualismo.
Colocar-se ao lado dos necessitados, dos menos preparados e daqueles que não têm capacidade para entender ou se manifestar parece ser em vão, pois mesmos esses não entendem o mal que sofrem e que também aplaudem esse novo tipo de sociedade altamente individualista. Entender economia, história e da política torna-se desnecessário àqueles que se tenta proteger, pois também participam e aplaudem os devaneios sociais. Daí é hora de pensar em si, ser igual à massa, resguardar-se e reconstruir seu caminho, família e trabalho, ao invés de ficar se preocupando com os outros pensam ou fazem; é deixar cada um com seus pensamentos e mediocridades. É identificar-se no seriado televisivo Walking dead, cuja vida segue, as pessoas não te ouvem ou enxergam o que está acontecendo no mundo dos gritos mudos.
Ao presenciar ou souber de injustiças, aniquilarem índios e outros inocentes, empresas públicas vendidas ou cortarem os benefícios dos trabalhadores, é bom refletir que não se tem nada a ver com isso. Não devemos perguntar onde está o Queiróz e nem porque triplicaram o salário do filho do vice. O caminho é a autoproteção. Incorporar a personagem Don Quixote de La mancha, de Miguel de Cervantes, um cavaleiro nunca foge a uma luta, ficou para trás. Feliz e abençoado 2019!
FONTE: EDMUNDO POZES DA SILVA