Redes sociais e o impacto na mente de crianças e adolescentes

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Nos últimos anos, as redes sociais se tornaram uma parte integral da vida cotidiana, especialmente entre crianças e adolescentes. Embora essas plataformas ofereçam oportunidades para conexões sociais e acesso a informações, psicólogos e pesquisadores têm alertado sobre os efeitos potencialmente negativos que o uso excessivo pode ter na saúde mental e no comportamento dos jovens.
Ansiedade e depressão
Estudos têm mostrado uma correlação significativa entre o uso intensivo de redes sociais e o aumento de sintomas de ansiedade e depressão entre adolescentes. A constante comparação com as vidas idealizadas apresentadas online pode levar a sentimentos de inadequação e baixa autoestima. De acordo com um estudo, adolescentes que passam mais de três horas por dia em redes sociais são mais propensos a reportar problemas de saúde mental, incluindo depressão e ansiedade (Spies Shapiro & Margolin, 2014).
Distúrbios do sono
O uso excessivo de redes sociais, especialmente antes de dormir, pode interferir no padrão de sono dos adolescentes. A luz azul emitida pelos dispositivos móveis pode suprimir a produção de melatonina, o hormônio responsável pela regulação do sono (Woods & Scott, 2016).
Comportamento antissocial e isolamento
Embora as redes sociais sejam projetadas para conectar pessoas, seu uso excessivo pode levar ao isolamento social na vida real. Adolescentes podem preferir interações online em vez de encontros presenciais, resultando em um aumento do comportamento antissocial e diminuição das habilidades de comunicação interpessoal. Este fenômeno foi explorado em um estudo que encontrou uma correlação entre o tempo gasto nas redes sociais e o aumento do isolamento social percebido (Sampasa-Kanyinga & Lewis, 2015).
Efeitos na autoimagem e autoestima
A constante exposição a imagens editadas e filtradas nas redes sociais pode criar uma pressão irrealista para alcançar a perfeição física e de estilo de vida. Isso pode afetar negativamente a autoimagem dos adolescentes, levando a distúrbios alimentares e dismorfia corporal. Adolescentes que frequentemente usam redes sociais são mais propensos a se sentirem insatisfeitos com sua aparência (Twenge et al., 2018).
Cyberbullying
As redes sociais também ampliaram a plataforma para o bullying, conhecido como cyberbullying. A facilidade com que informações e imagens podem ser compartilhadas online torna as vítimas mais vulneráveis a humilhações públicas e ataques persistentes. Um estudo revelou que vítimas de cyberbullying apresentam maior risco de desenvolver problemas de saúde mental, incluindo depressão e ideação suicida (Coyne et al., 2020).
Embora ofereçam benefícios em termos de conectividade e acesso à informação, as redes sociais representam riscos significativos para a saúde mental e o desenvolvimento comportamental de crianças e adolescentes. É crucial que pais, educadores e formuladores de políticas compreendam esses impactos e trabalhem para mitigar os efeitos negativos. Promover o uso equilibrado das redes sociais e incentivar interações saudáveis na vida real são passos fundamentais para proteger o bem-estar dos jovens.
Alessandra Procópio Moreira
Psicóloga CRP 08/41553
Referências
– Spies Shapiro, L. A., & Margolin, G. (2014). Crescendo conectado: Sites de redes sociais e desenvolvimento psicossocial de adolescentes. Clinical Child and Family Psychology Review,
– Woods, H. C., & Scott, H. (2016). #AdolescentesComSono: O uso de redes sociais na adolescência está associado a má qualidade do sono, ansiedade, depressão e baixa autoestima. Journal of Adolescence, 51, 41-49.
– Twenge, J. M., Joiner, T. E., Rogers, M. L., & Martin, G. N. (2018). Aumentos nos sintomas depressivos, resultados relacionados ao suicídio e taxas de suicídio entre adolescentes nos EUA após 2010 e ligações com o aumento do tempo de tela das novas mídias. Clinical Psychological Science, 6(1), 3-17.
– Sampasa-Kanyinga, H., & Lewis, R. F. (2015). O uso frequente de sites de redes sociais está associado a um mau funcionamento psicológico entre crianças e adolescentes. Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking, 18(7), 380-385.
– Coyne, S. M., Rogers, A. A., Zurcher, J. D., Stockdale, L., & Booth, M. (2020). O tempo gasto usando redes sociais impacta a saúde mental? Um estudo longitudinal de oito anos. Computers in Human Behavior, 104, 106160.