Entrevista com Giovanni Marins Cardoso, fundador da Mondial Eletrodomésticos e hoje detentor das marcas Mondial, AIWA, XZone e Movitec
Giovanni Marins Cardoso
O que move nosso entrevistado é sua capacidade em enxergar oportunidades e acreditar no poder do trabalho. Giovanni Marins Cardoso, fundador da Mondial Eletrodomésticos e, posteriormente, do Grupo MK, hoje detentor das marcas Mondial, AIWA, XZone e Movitec, é formado em Engenharia Elétrica, com especialização em Marketing e Neurolinguística. Atuou em companhias nacionais e internacionais até fundar sua própria empresa que começou com apenas um modelo e, conquistou a liderança do mercado de eletroportáteis possuindo, hoje, um portfólio com mais de 460 produtos.
Conte sobre sua trajetória e sobre a evolução da Mondial até ser um grupo antenado, conectado, repleto de marcas, ações e conexões.
Sou paranaense, nascido em Palmas uma pequena cidade do Paraná, onde sempre estudei em escola pública. Fiz Engenharia Elétrica e cursos de especialização em São Paulo, onde me radiquei e trabalhei em empresas nacionais e multinacionais. Quando visualizei as oportunidades que existiam no Brasil, foi onde começamos, com uma empresa mono produto, que cresceu pelo trabalho, um dia depois do outro e sempre com a mesma orientação que mantemos desde o início: ter linha completa de produtos sempre, com o melhor custo-benefício, servir bem o cliente, ter uma gestão voltada ao mercado, “de fora para dentro”.
O Brasil é um país das oportunidades, sua população é maior que as da Alemanha, França e Itália juntas, tem dimensões continentais e possui baixo índice de saturação. Onde tem gente, tem mercado. E foi essa energia que nos motivou a empreender, fazer os produtos certos, com qualidade, bem-posicionados, apropriados para o que as pessoas precisam, no price correto. Por exemplo, nosso país tem mais de um milhão e meio de novas residências eletrificadas por ano. Nos últimos 12 anos foram construídas quase 20 milhões de novas casas, famílias que se constituem, crescem e precisam de produtos. Principalmente durante a pandemia, as pessoas entenderam que o lar precisa ser valorizado.
Nossa visão do Brasil é aquela do “copo meio cheio”. A grande maioria das multinacionais, que são boas empresas, tem dificuldade de enxergar essas oportunidades.
Que marcas vieram após a Mondial?
Hoje temos quatro marcas, a Mondial, com eletrodomésticos portáteis, áudio, cuidados pessoais, ferramentas e linha branca; a AIWA, na área de eletroeletrônicos, produzidos na fábrica que compramos da Sony; e outras duas menores: a XZone, que é uma marca focada no universo gamer e a Movitec, marca de acessórios de informática. Nosso faturamento, este ano, está dividido em: 80% eletroportáteis e 20% eletroeletrônicos. Hoje, com somente 22 anos, a Mondial tem 40% do share de mercado.
Começamos com uma área de 1,2 mil m² e hoje temos 296 mil m². Nossa previsão é chegar em 5.400 funcionários ainda em 2023. Desde a nossa fundação mantivemos um crescimento médio em torno de 33% por ano, exatamente pela visão positiva que nos motiva a prosseguir.
O que faz, em sua opinião, o sucesso de um empreendedor?
Tudo o que conquistamos tem origem na visão que mantemos desde o princípio: acreditar e avançar. O entendimento destes mecanismos de decisão e condução diária, com os mesmos valores desde o início, faz com que tenhamos produtos de qualidade, com a melhor relação custo-benefício e um atendimento obsessivo em termos de qualidade para os clientes. Para mim, empreender com sucesso é criar produtos que durem na casa dos clientes e dar acesso a todo o tipo de consumidores, da classe A à D. Dizemos que a Mondial é classe G, de gente. Nossa rentabilidade vem da escala, de uma boa engenharia, cujo custo permite linhas de alta qualidade, duráveis e com a melhor relação custo-benefício. Nosso trabalho de branding verificou que cada casa brasileira tem em média quatro produtos Mondial.
Para nós, uma marca é construída por atributos emocionais e funcionais. Nossa estratégia de marketing, elaborada há quatro anos, teve como meta o fortalecimento da marca. Nos primeiros três anos, investimos nos atributos funcionais, tendo como embaixador da marca o Rodrigo Hilbert. Agora, entrando no quarto ano, iniciamos o trabalho de aproximação pela emoção e para isso contratamos a Juliette.
Também ganhamos vários prêmios, como do ReclameAQUI, que há três anos criou uma divisão para eletroportáteis, na qual fomos os primeiros colocados nas três edições. Isso certamente mostra a nossa consistência. O Folha Top of Mind também foi nosso, por duas vezes, na categoria de Air Fryer. Ganhar esse tipo de prêmio sempre é bom, porque mostra o reconhecimento do público. Temos um time excelente, engajado e que se sente realmente pertencente aos valores da companhia, isso é muito importante.
Qual a importância de ações sociais para você e para o Grupo Mondial?
Isso é muito importante. Nos últimos dois anos investimos mais de R$ 3 milhões em 26 ações sociais, envolvendo 76 municípios. Por exemplo, estamos reformando uma escola em Conceição do Jacuípe, na Bahia. Estamos investindo quase R$ 1 milhão. Na época da pandemia, doamos 40 toneladas de alimentos: pedimos a cada um de nossos funcionários que indicasse cinco famílias para ganhar essas cestas básicas. Mais recentemente doamos mais de 3 mil produtos para as regiões afetadas por chuvas na Bahia e, também, para moradores do litoral norte de São Paulo. Também produzimos e distribuímos mais de 140 mil máscaras tipo Face Shield durante a pandemia.
Como é para o Grupo enxergar o futuro, com os pés no presente?
Uma visão de sempre realizar, construir. Se enxergarmos o mercado brasileiro diante do mundo, veremos que muitos projetos podem dar certo em vários setores, e não só de eletroportáteis. O importante é sempre focar no consumidor final, ser obcecado por qualidade e atendimento, ter foco no essencial e apresentar ao consumidor final produtos que entreguem valor agregado e percepção de qualidade. O lucro é uma consequência disso e o crescimento também. Repito: o Brasil é uma terra de oportunidades.
Qual a importância de compartilhar conhecimentos e experiências com novos empreendedores, como acontecerá no Imersão Centurion?
Começamos a empresa praticamente do zero, com investimento pequeno. Se eu puder dividir minha experiência com uma turma de jovens e empreendedores, mostrando a importância de aprender todo dia e moldar a empresa de fora para dentro, acredito que poderei despertar alguém que esteja querendo empreender.
What’s Next – quais os próximos passos do Grupo para os próximos 20 anos?
A Mondial é um projeto. Sabia que iria crescer e dar certo. O crescimento é contínuo, porque o que vale é a caminhada em direção a uma coisa em que você acredita: não existe chegada. Com a compra da fábrica da Sony, em Manaus, abrimos um novo leque na área de tecnologia de som e imagens, onde vamos competir diretamente com líderes mundiais. Esse foi um grande negócio.
A marca AIWA entra num nicho premium, com produtos de altíssima tecnologia e qualidade top de linha e a Mondial eletrônicos concorre na faixa mais standart do mercado. Essa é a nossa meta futura: criar condições para diversificar a companhia e entrar em novos nichos, sempre de forma orgânica.
Fonte: https://exame.com/
Cris Arcangeli — Empreender Liberta