Recessão democrática

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Em 1961, renúncia de Jânio Quadros e ascensão do seu vice João Goulart, detestado pela direita e por grande parte dos militares, foram ápice de ideologia de perseguição aos supostos comunistas que já perdurava 20 anos. Assumindo, João Goulart foi alvo de guerra discursiva que o marcou como conspirador de ofensiva comunista: era o que se chamava de “veto militar” ao nome de Goulart.

Em 1964, o deputado da extrema direita Bilac Pinto afirmava, sem qualquer prova concreta, que Goulart preparava revolução, que o presidente organizava guerrilha armada no país: suposta guerrilha de Jango e suposta infiltração comunista nas Forças Armadas eram fantasias. Houve um tempo no Brasil no qual militares de alta patente se achavam no direito de falar de política. Tempo em que generais ameaçavam não reconhecer resultado de urnas, caso o eleito não fosse do seu agrado.

Em 2022, a tese de que a volta do PT ao governo será o caminho para transformar o Brasil num país comunista é o mesmo sistema de desinformação e discurso sensacionalista; é a estratégia de utilizar ignorância para criar bicho papão que devora criancinhas. É uma farsa patrocinada pela extrema direita para manipular o povo que não tem condições de entender a maldade da política.

O TSE declara que não vai se acovardar diante de milícias digitais e que eleições de outubro serão limpas e transparentes por meio de urnas eletrônicas. Bolsonaro sabe que urnas eletrônicas são invioláveis: aceitará o resultado em caso de vitória e, sê derrotado, fará o possível para tumultuar e impedir a posse do sucessor.

Sabe-se que, quando Bolsonaro abre guerra contra o STF, acusando-os de fatos completamente incabíveis, é só desculpa para deixar seus seguidores confusos e desnorteados. Tudo é farsa criada por ele, que esteve à frente do cargo de deputado federal por 28 anos, símbolo do extremismo da direita. Não se pode aceitar quando declara que todo cidadão de bem deve ir armado às eleições.

Quem leu o livro O cadete e o capitão entendeu que Bolsonaro sempre foi rebelde e, reclamando do soldo militar, tinha planos de explodir dutos nos quarteis do Rio de Janeiro e na CEDAE, Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro. Foi condenado e logo foi solto e admirado por colegas porque seu gesto repercutiu a um aumento de 105% às Forças Armadas. Foi eleito como vereador na cidade do Rio e sempre defendeu militares.

Os 28 anos como deputado federal representava a classe militar que o apoiava para ter suas reinvindicações atendidas. Na Câmara, sempre foi deputado do baixo clero, mal-humorado, que detesta mulheres, negros, índios e gêneros sexuais. Sempre viveu em ambiente de confusão, briga e disputas, portanto, é isso que quer: uma recessão democrática! As democracias do mundo estão enfraquecendo e precisamos denunciar os ditadores, torná-los público e enfrentá-los.