O Brasil completa 199 anos de Independência, e este deveria ser um grande momento de reflexão de como se deveria fortalecer e manter a democracia do país. Mas o que se vê são afrontas aos poderes constituídos, incentivo ao caos, à desordem e à violência. Acreditam que essa situação gerará crescimento econômico, desenvolvimento ou igualdade social? O que se constrói é um ambiente de desestabilização política, social e econômica. Todos os brasileiros têm o dever de cumprir a Constituição.
A manifestação contra a democracia em 7 de Setembro fracassou! Esperavam milhões e foram milhares, além disso, o STF não foi derrubado e o Congresso não foi invadido, frustrando os bolsonaristas radicais: as promessas de eliminar os Ministros do Supremo não foi cumprida e o Exército Brasileiro não deu golpe de Estado. Nos discursos de Bolsonaro, focados em futuras ações radicais, não se falou como amenizar a crise hídrica, combater a pandemia, a inflação, a fome, a pobreza e o desemprego! Isso não importa para ele.
A instabilidade que ora se atravessa é provocada por Bolsonaro, que ataca as instituições democráticas e deteriora a situação econômica e social do Brasil. Ele passa a certeza de que seu projeto de governo é explicitamente antidemocrático e está sacrificando a economia para tentar se reeleger em 2022, pois, desde que tomou posse, vive em permanente campanha eleitoral. A verdadeira âncora da inflação é a credibilidade e a legitimidade institucional de um governo.
O Brasil está repleto de boas oportunidades e que não são aproveitadas em razão de crise institucional. As falas de Bolsonaro prestam um desserviço à economia do país ao elevar as incertezas e os riscos atuais e projetados até o final de 2022. Não se deve passar uma imagem ao mundo de uma nação permanentemente tensionada, vivendo crises intermináveis, com rupturas institucionais e sérios riscos de retrocessos.
Bolsonaro quase não tem agenda no palácio do Planalto: dedica-se a participar de inaugurações e manifestações de caráter político e eleitoreiro. Já demonstrou que não tem capacidade para governar; então, usa uma demonstração de suposta força, mesmo expressiva, mas de parcela minoritária, pois é lógico que nenhuma imagem que ele provocou na sua revolta mudará o apoio da maioria dos brasileiros à democracia. As instituições brasileiras, mesmo imperfeitas, amadureceram nos últimos 31 anos; um período, até aqui, de normalidade democrática.
É natural que existam freios e contrapesos que devem ser respeitados pelos três poderes. Por isso, não se entende o porquê de sua revolta contra o STF, cuja função institucional fundamental é servir como guardião da Constituição Federal de 1988. Quando Bolsonaro tem alguma ação não aprovada pelo STF, levanta multidões para derrubar seus ministros. Faz questão de demonstrar força do Poder Executivo contra o Poder Judiciário. O Poder Legislativo, lamentavelmente, já está em suas mãos, assim como “nossas” (e não dele) Forças Armadas.
Mas quem são essas pessoas que o seguem num estado de alucinação coletiva? Entraram em uma luta que não entendem e estão furiosos levantando a gloriosa bandeira brasileira como símbolo fascista para fechar o Congresso, apoiar ditadura militar, matar ministros da Suprema Corte do Brasil e invadir instituições de poder. Não percebem a realidade, aliás, há muito tempo, vivem num videoclipe mental que são parte ativa de um sonho alucinatório onde governam o país. Não há perplexidade com as atitudes transloucadas de Bolsonaro, mas sim com as atitudes desses irmãos brasileiros que não conseguem pensar, que parecem zumbis da série The Walking Dead, manipulados por fake news.
É incompreensível como milhões de pessoas são manipuladas por Bolsonaro, o presidente do Brasil, e não um líder da oposição, a se tornarem baderneiros e aceitarem com entusiasmo a ideia de invadirem prédios do STF e Congresso, assim como aceitam a ideia de comprarem fuzis ao invés de alimentos, num chocante dilúvio de insensatez. Tenta-se de modo autoritário econtraproducente ocultar suas verdadeiras intenções em busca de apoio dos populares que sofrem de alienação e que cedem ao desejo de destruição e morte de qualquer um que não concorde com seu líder. Quem conhece a história, sabe que algo muito parecido ocorreu no nazismo de Hitler e no fascismo de Mussolini.
Os bolsonaristas afloram antiglória, insensatez, rancor, ódio, maldade e mesquinhez. O terrível, é que eles moram ao lado e não se sabia que estavam à espreita, mas agora se conhece seu caráter e do que são capazes! Ao seguir Bolsonaro cegamente, se submetem as piores humilhações sem receber nada em troca por sua fidelidade: foram às ruas defender o quê? Um presidente incompetente e golpista? A gasolina cara, a inflação alta, energia subindo, o desemprego, a fome, a crise sanitária. E o mais triste é que, mesmo enganados, descobrem a traição e ainda por cima, colocam a culpa no mensageiro.