O Estado de São Paulo, 24 de fevereiro de 2019, publicou reportagem sobre o Gal. Sérgio Augusto de Avellar Coutinho, morto em 2011, considerado guru e pensador do Exército Brasileiro, relatando que Jair Bolsonaro, então capitão da Reserva, participou da campanha de descrédito das Forças Armadas perante a opinião pública, comprometendo a respeitabilidade do militar e quebrando a coesão interna do Exército. Quando já havia “saído” do Exército e era vereador do Rio de Janeiro, Bolsonaro teve sua entrada proibida nos quartéis porque o julgavam inconsequente e intransigente e, segundo o General Coutinho, procurava semear um clima de discórdia, incompreensão e descrédito no público interno.
Jair Bolsonaro prometeu grandes mudanças na política externa brasileira, e percebe-se que o Brasil está apoiando a mudança de regime da Venezuela, se alinhando aos interesses de Donald Trump, ora presidente dos Estados Unidos. Até Michel Temer, que não sabia o que fazer com o país, assumiu a linha tradicional de não ingerência unilateral em outros países. Ainda bem que os generais do governo brasileiro se posicionaram contra qualquer agressão ao país da Venezuela, pelo menos, por ora. Se houver intervenção brasileira em solo estrangeiro, seremos eternamente responsáveis pelo regime que se muda. A articulação do Brasil, EUA e Colômbia resultará responsabilidade pela solução do problema.
A Venezuela vive uma ditadura militar desde 1999, e é o seu governo que deverá solucionar a situação. O Brasil nunca foi um país beligerante e não tem nada a ver com problemas internos de outros países. Não é prudente o Brasil se envolver em um conflito armado tampouco preparado para uma guerra, perder vidas, e destruir física e moralmente o seu patrimônio. Teme-se, inclusive, a reação da Rússia e da China que apoiam a Venezuela e são nações altamente beligerantes. Se o Brasil atacar a Venezuela, poderá sofrer retaliação dessas poderosas nações através de agressão física e econômica. Parece que o governo brasileiro quer mostrar alinhamento ao governo dos EUA acima de tudo, e sabe-se que os interesses estadunidenses são as gigantes reservas de petróleo venezuelanas.
Para lembrar: a aventura do Gal. Galtieri, ditador argentino que decidiu invadir as Ilhas Malvinas, território britânico desde o século XVII, resultou na Guerra das Malvinas que terminou com a derrota da Argentina, com 649 mortos do lado argentino, 258 do lado britânico e 3 civis que habitavam as ilhas. A derrota na
guerra precipitou o final da ditadura militar argentina. O Brasil é um país pacífico, e Jair Bolsonaro, em campanha presidencial, distorceu o nosso período de ditadura militar afirmando que houve prosperidade e paz nas ruas. O ciclo militar foi baseado em empréstimos no exterior, dando falsa impressão de ‘milagre brasileiro’, encerrando-se em 1985, deixando o país num caos com gigante dívida externa, inflação galopante, moratória, descrédito de instituições e economia estatizada. Parece que o governo quer distrair a opinião pública das atrapalhadas do governo que, desde 1º de janeiro, mostrou-se incompetente para administrar um país complexo como o Brasil.