A Síntese de Indicadores Sociais do IBGE revela que o abandono escolar é oito vezes maior entre jovens pobres de 15 a 17 anos que entre estudantes de maior renda. Além disso, o índice de jovens dessa faixa com atraso escolar é quatro vezes superior. O abandono escolar é um dos maiores entraves educacionais do país. Há forte relação com altas taxas de reprovação. O aluno que repete tem maior chance de deixar a escola futuramente. Entre os 20% mais pobres, 11,8% não terminou o ensino médio e não frequenta a escola, e 33,6% frequenta a escola fora da etapa adequada.
O IBGE divulgou que o Brasil tem 13,5 milhões de pessoas vivendo na miséria (R$ 145 por mês), contingente maior que a população de Cuba, Bélgica, Bolívia, Grécia e Portugal. O total de miseráveis no país cresce desde 2015. Em 2018, o percentual subiu 6,5%, um recorde. Nos últimos quatro anos, 4,5 milhões de pessoas passaram a viver na miséria. O estudo do IBGE mostra que mesmo a inserção no mercado de trabalho não é condição suficiente para que a pobreza seja superada.
Observando a miserabilidade crescer, busca-se entender por que tantas pessoas ainda apoiam a política neoliberal que levará o Brasil ainda mais para baixo em termos de desigualdade social e econômica. O governo brasileiro pensou que poderia liderar uma onda conservadora na América do Sul, mas produziu um inédito isolamento. A saída do Brasil é combater o desemprego, facilitando o crescimento da indústria e o fortalecimento das empresas brasileiras. As reformas trabalhista e previdenciária e a lei da terceirização alavancarão ainda mais as desigualdades da população, levando a uma situação insustentável.
O sociólogo alemão Klaus Theweleit, que estudou a violência das milícias paramilitares da Alemanha na década de 1920, afirma que os fascistas sentem necessidade no próprio corpo de se comportar de forma violenta, e têm um desejo inconsciente de matar e tirar as pessoas do caminho. Segundo Theweleit, isso tem a ver que sentem o seu corpo sujo e querem se livrar desse sentimento dizendo que a sujeira está nos outros e não em si, por isso destruí-los. Daí a tendência em se reunirem em grupos políticos, religiosos, que dá uma sensação de uma fronteira corporal artificial, de pertencerem a um grupo “integro” que ‘limpará’ a sujeira.
Theweleit concluiu que, após analisar o fascismo alemão, percebeu que atrás da ideologia fascista que desejava acabar com o socialismo era só um bando de idiotas falando sobre pátria-mãe, terra ou generalidades. Pela ótica do trabalho do psicanalista húngaro-americano Michael Balint, que investigou a estrutura psíquica de crianças que só tinham a sensação de estar vivas quando destruíam algo, concluiu que faziam isso por meio da remoção de todas as diferenças, tornando tudo autêntico, para que nada pudessem ameaçá-las.
Então, quando aparecem manifestações de pobre, homossexuais, negros, índios, mulheres, o impulso mais seguro é reagir com agressividade e atacar aquelas pessoas? Tais fascistas atribuem essa violência a algo maior como pátria, religião, ordem, comando de um líder tal qual eles; daí, a sensação de que não serão punidos. Essa maldade não está só nos líderes, mas também em seus seguidores inseguros, sociopatas, psicopatas e esquizofrênicos que desejam destruir os outros porque sabem que nada são.