POR QUE NÃO INVESTIR EM EDUCAÇÃO?

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A Constituição de 1988 assegura autonomia didática e administrativa às universidades. Não se pode desprezar a ordem constitucional e asfixiar o sistema de ensino brasileiro. A universidade brasileira é composta de muitas gerações de ideias e debates. O atual governo diz que as universidades têm pesquisado pouco, entretanto, conforme pesquisa da Clarivate Analytics, das 50 universidades que mais pesquisam no Brasil, 36 são universidades federais, 7 universidades públicas estaduais, 5 de instituições de pesquisa ligada ao governo federal, 1 de instituto federal e somente 1 pesquisa de universidade privada.

O Ministério da Educação congelou R$ 2,4 bilhões que estavam previstos em programas da Educação Infantil ao Ensino Médio. A decisão contraria discurso do governo de ampliar investimentos à base do ensino público. As universidades federais perderam R$ 2,2 bilhões. Será que existe tentativa de controle de pensamento, pesquisa e ensino? Quais são as propostas à educação e à saúde? Democracia é o regime político no qual as regras se impõem às vontades, capazes de conter líderes autoritários. É lá que se entende melhor o caráter inegociável da soberania popular. A democracia exige oposição saudável.

A economia real está parada: produção industrial, emprego e investimentos. Mercado de trabalho aquecido beneficia trabalhadores mais pobres, relevante à redução da desigualdade. O FMI divulgou dados de 2018 mostrando que o Brasil perdeu participação global, passando de 7º para 8º lugar no ranking das economias mundiais: falta crescimento e desenvolvimento econômico. É lógico que a desigualdade enfraquece a ideia de uma sociedade meritocrata, em que uma minoria ganha acesso aos bens necessários para estarem à frente na educação e na posse de bens e serviços.

Por outro lado, somos o 9º país mais desigual do mundo e essas desigualdades produzem consequências negativas para todos. Os países com maior desigualdade têm economia instável propensa às crises e a maiores taxas de crimes. Erradicar pobreza e reduzir desigualdades estão entre os objetivos da Constituição 1988. Na Argentina de Macri, que também implantou um programa neoliberal, vê-se que, em 2019, a economia encolheu 3%, a inflação está chegando a 50%, o PIB caiu 1,5% e a pobreza que estava no início do governo a 28,5% passou a 32%. O choque neoliberal não deu certo: o dólar passou de 9 pesos para 47 pesos, e a chuva de investimentos que prometeu nunca chegou.

Emmanuel Macron, presidente da França, também com política neoliberal, prometeu sanear as contas do Estado represando sua incontinência fiscal. Focou em desmontar a legislação trabalhista e acabar com o monopólio SNCF que explora a malha ferroviária. Fracassou e tem contra si manifestações há 25 sábados dos ‘coletes amarelos’ que querem recomposição do poder aquisitivo da classe trabalhadora. Essa política não funciona. Guedes, que nem apresentou números, como economizará 1 trilhão da Previdência Social, adota o neoliberalismo como princípio. Destruir universidades, vender patrimônio nacional a preço de banana só prejudicará o povo. Educação é a base do Brasil e percebe-se que, quem acabar com a universidade pública, nunca frequentou uma.