Policiais fazem compras para homem que roubou para alimentar família

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Deveria ser só mais uma prisão por furto em uma cidade pertinho de Brasília, mas os policiais tiveram uma atitude muita bacana ao não tratar com indiferença o desespero de um pai de família. O homem roubou dois quilos de carne, e a polícia deu um exemplo.

Ele estava em um supermercado e tentou esconder a carne para não pagar, só que foi flagrado pelo segurança, a polícia foi chamada e ele preso. A história tomou um rumo diferente quando os agentes foram ouvir a história do homem na delegacia. Em vez de algemas e grades, ele ganhou ajuda e comida.

A lista do supermercado era pequena: bananas, quatro pães e dois quilos de carne, mas o dinheiro no bolso não dava para pagar nem isso. O homem tinha apenas R$ 7,80. Ele escondeu a carne em uma bolsa e passou de cliente a ladrão.

Mário Ferreira Lima foi flagrado pelo vigilante do supermercado e foi preso em uma delegacia no Gama, a 40 quilômetros de Brasília. O delegado disse que ele só seria solto se pagasse uma fiança de R$ 270. É claro que o Mário que tinha acabado de furtar dois quilos de carne do supermercado não tinha esse dinheiro. Os próprios policiais que o prenderam fizeram uma vaquinha – com um pouco de cada um – pagaram a fiança e o Mário foi solto.

Os agentes da Polícia Civil ficaram sensibilizados quando o eletricista contou sua história: “Eu sempre trabalhei, sempre cuidei da minha família, agora não estou podendo, de mão atada, sem emprego”, disse.

O Mário disse para os agentes ele e o filho passavam fome. “Naquela situação de ver uma pessoa passando mal de fome, três dias sem se alimentar, não tem como a gente não se comover. Em nenhum momento a intenção é de fomentar o crime, estimular esse tipo de situação”, afirmou a agente da polícia civil Kelen Lemos.

Agora na casa do Mário tem arroz, feijão, macarrão e ovo. A compra foi feita pelos policiais. “Realmente comoveu muito mesmo, me emocionei”, disse outro agente.

Depois dessa história, o Mário aprendeu que pior que a fome é a vergonha de roubar. “Totalmente, morto de vergonha, pudesse eu pulava essa parte de ter passado por essa vergonha e tudo”.

A história dele é comovente, mas o furto é inadmissível. Ele mesmo disse que aprendeu a lição e a lição maior mesmo foi dada por esses policiais, que tiveram sensibilidade para entender a situação e fizeram jus à condição de servidores públicos.

Fonte:
http://g1.globo.com/