Papos de Davos

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A desigualdade foi um dos temas mais importantes discutidos neste ano no Fórum Econômico de Davos. O relatório final concluiu que a desigualdade econômica está fora de controle. Perguntado num painel de discussão sobre o que o Brasil estaria fazendo para combater a desigualdade e apoiar os jovens, Paulo Guedes disse que a desigualdade no Brasil tem duas origens: a educação deficiente que dificulta o acesso ao jovem pobre aos bons empregos, e a falta de competição no mercado interno.

Guedes afirmou que o pior inimigo da natureza é a pobreza. As pessoas destroem o meio ambiente porque precisam comer. Disse também que as reformas Trabalhista e a da Previdência foram totalmente focadas nos jovens. A posição de Guedes está equivocada. Ele não falou em programas sociais eficientes para reduzir a desigualdade. Sabe-se que o principal problema da educação no Brasil está no ensino médio, cujas deficiências provocam evasão e mostram um fraco desempenho dos jovens.

Guedes sempre mostrou aversão às classes mais baixas quando as responsabilizou pela própria situação financeira, pois o pobre gasta todo o dinheiro para pôr comida na mesa ao invés de aplicar no Tesouro Direto. Ele não faz qualquer cerimônia ao abrir mão de princípios morais em nome dos interesses financeiros. Após ameaçar a população com um AI-5, sua arrogância termina junto aos donos do poder.

Sabe-se que a longa recessão de 2015 e 2016 e o clima de permanente crise e incerteza política, ambos potencializados pela Lava Jato, deram origem, em 2018, a um ambiente de muita insatisfação popular com os rumos da economia e do governo. E criaram condições para que Paulo Guedes seguisse a orientação de privatização e mais cortes de gastos públicos com o objetivo de diminuir a presença do Estado na economia, com efeitos duvidosos sobre a retomada do crescimento econômico.

Por outro lado, observa-se o alinhamento automático do Brasil aos interesses dos Estados Unidos, propiciando ao país uma posição subalterna na relação bilateral. O saldo da balança comercial entre o comércio Brasil e EUA é favorável aos americanos, aliás, o Brasil é o país que mais contribuiu à balança comercial dos EUA em 2019. Os brasileiros estão em crise: a recessão fez o Brasil perder 17 fábricas por dia entre 2015 e 2019, conforme estudo da CNC.

A indústria naval brasileira parou e demitiu 27 mil trabalhadores. A Duratex fechou fábrica em São Leopoldo e outra em Botucatu em 2019, assim como as empresas Deca, Pirelli, Malwee e Ford. Enquanto o governo planeja vender as estatais ao capital estrangeiro, entregando nosso patrimônio ao estrangeiro, caímos mais uma posição no IDH. Sabe-se que a recessão reforça o ciclo da desigualdade. É assustador o retrocesso do Brasil na economia, na política e na educação. Isto é desgoverno.