Oclocracia

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Estranha-se quando um chefe de Estado precisa de grupos na rua em manifestação de apoio, ou seja, um protesto a favor do governo. Originalmente, as manifestações foram convocadas pelo próprio presidente sob as bandeiras do fechamento do STF e do Congresso. As pessoas foram às ruas lutar contra seus próprios interesses. O Governo insiste em que a Reforma da Previdência precisa passar para salvar o país, mas sabe-se não ser suficiente à retomada de crescimento sustentável, e identifica-se um erro na condução da política econômica. Guedes não quer abrir os números dos benefícios da Previdência porque não os tem. Parece um governo obcecado por previdência, venda de estatais e de imóveis da União, e nova taxa imobiliária. Estão perdidos e mais perdido ainda é quem sai às ruas seguindo um líder que está levando todos ao buraco.

Bolsonaro vem anunciando projeto capaz de render um trilhão de reais, uma fórmula para o governo ganhar dinheiro com a atualização de valor de imóveis incluídos à declaração de renda que, na prática, é uma antecipação do imposto pago após a venda. Mas, e se esse bem nunca for vendido? Isso já foi ventilado em países centrais, mas totalmente rejeitado pelos respectivos poderes legislativos. Quer arrancar mais dinheiro tributando mais o IR. Sabe-se que o crescimento econômico a longo prazo é um fenômeno microeconômico que exige que se alinhe o ganho privado ao bem público. Fez-se uma Reforma Trabalhista (boa ao patrão), a Lei da Terceirização, agora a Reforma da Previdência, em andamento a Reforma Tributária e estão olhando sob a ótica de cada uma delas e não sabem como conduzir o conjunto.

Se o Brasil continuar a trancos e barrancos, construir-se-á nova década perdida. Raros são os projetos e os decretos do governo que não precisam ser refeitos, em razão de erros, ilegalidades e omissões. O Legislativo, por iniciativa própria, analisa uma proposta sobre a Reforma Tributária proposta pelo economista Bernard Appy, que propõe juntar cinco tributos cobrados pela União (PIS, IPI e Cofins), Estados (ICMS) e Municípios (ISS) em um único imposto nacional, o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços). A queda brutal de projeções de crescimento e evidências de uma nova recessão neste primeiro trimestre trouxe à tona o círculo vicioso causado pela insuficiência de demanda na economia brasileira.

A criação de oportunidades aos menos favorecidos deveria ser prioridade do governo. A desigualdade da renda do trabalho aumenta significativamente desde 2016. Entende-se que certo grau de desigualdade é natural, pois preferencias, talentos não são distribuídos uniformemente entre as pessoas. As diferenças na renda estimulam a iniciativa individual e contribuem à criação da riqueza. A desigualdade se reproduz por meio de estruturas familiares e sociais como riqueza e escolaridade dos pais. Vive-se degradação da democracia à oclocracia: dê armas ao povo, tire verbas da educação e da saúde e verá o que virá nos próximos anos. A maior vítima dessa forma radical e insana de fazer política é a nação brasileira, principalmente o povo mais pobre do país. Por fim, só nos resta confusão, frustração, cenário desanimador, incertezas e um país estressado, dividido e sem rumo.