Por Dra. Suellen Criminácio especialista em Nutrologia
No mundo acelerado em que vivemos, onde muitas vezes o trabalho e as responsabilidades pessoais tomam o foco principal, o sono tem sido subestimado como um pilar da saúde. No entanto, enquanto médicos nutrologistas, sabemos que o sono é um fator essencial para o equilíbrio do organismo, atuando diretamente na prevenção de doenças, no controle de peso e até na saúde mental.
O sono e a regulação hormonal
Durante o sono, especialmente nas fases mais profundas, nosso corpo passa por diversos processos de reparação celular e produção hormonal. A melatonina, hormônio responsável pelo sono, não apenas nos ajuda a adormecer, mas também possui funções antioxidantes e está relacionada ao fortalecimento do sistema imunológico.
Além disso, o sono regula os níveis de cortisol, conhecido como o “hormônio do estresse”. Quando não dormimos adequadamente, há um aumento da liberação desse hormônio, o que pode favorecer o ganho de peso, especialmente a gordura abdominal. A falta de sono também altera a produção de hormônios que controlam a fome e a saciedade, como a grelina e a leptina, contribuindo para excessos alimentares e, consequentemente, para o sobrepeso.
O sono e a prevenção de doenças crônicas
Há estudos robustos que demonstram que a privação crônica de sono está associada a um maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, obesidade e até mesmo alguns tipos de câncer. Isso ocorre, em parte, porque o sono insuficiente desregula o metabolismo e aumenta a inflamação no corpo.
Para quem busca longevidade e qualidade de vida, uma noite bem dormida é tão importante quanto uma alimentação equilibrada e a prática de atividades físicas. Portanto, não devemos pensar no sono como algo “negociável”, mas sim como um dos pilares fundamentais para uma saúde plena.
Sono, memória e saúde mental
Do ponto de vista neurológico, o sono tem um impacto profundo no funcionamento do cérebro. Ele é essencial para a consolidação da memória e o aprendizado. Sem um sono reparador, a capacidade cognitiva é prejudicada, levando à dificuldade de concentração, raciocínio lento e maior propensão a erros.
Além disso, a privação de sono prolongada pode estar associada ao desenvolvimento de transtornos de humor, como ansiedade e depressão. O sono adequado, por outro lado, melhora a resiliência emocional, ajudando as pessoas a lidarem melhor com o estresse diário.
Como melhorar a qualidade do sono?
Para garantir um sono de qualidade, algumas mudanças simples no estilo de vida podem ser implementadas:
•Ambiente adequado: O quarto deve ser um local escuro, silencioso e com temperatura agradável.
•Rotina de sono: Manter horários regulares para dormir e acordar, mesmo nos fins de semana, ajuda a regular o relógio biológico.
•Evitar estimulantes à noite: Bebidas com cafeína, refeições pesadas e uso de eletrônicos antes de dormir podem atrapalhar a indução do sono.
•Atividade física: Exercícios regulares contribuem para um sono mais profundo e restaurador, desde que não sejam realizados muito próximos ao horário de dormir.
Conclusão
O sono não é um luxo, mas sim uma necessidade fisiológica que desempenha um papel vital em praticamente todos os aspectos da saúde. Como nutrologista, enfatizo que o equilíbrio entre uma boa alimentação, exercício físico e um sono adequado é a chave para o bem-estar. Se você tem dificuldades para dormir ou sente que não está descansando o suficiente, busque orientação profissional. Muitas vezes, ajustes simples podem fazer uma grande diferença na sua saúde geral.
Afinal, dormir bem é um dos melhores remédios que podemos oferecer ao nosso corpo.
Dra. Suellen Criminácio é médica especializada em Nutrologia, com foco em saúde preventiva e qualidade de vida. Atua na promoção de hábitos saudáveis e equilíbrio corporal por meio de uma abordagem integral ao paciente.