O Brasil falhou no combate ao Covid-19 por suas fragilidades e escolhas erradas, e aparece nas piores colocações entre os países emergentes. Neste ano, até maio, houve uma fuga de capital financeiro de US$ 33,3 bilhões. O PIB despencou, a dívida pública tornou-se uma das mais altas do mundo, e o dólar desvalorizou 43% em 2020. Em contrapartida, não há resposta do Bolsonaro frente a essa emergência sanitária: ele lidera uma equipe absolutamente submissa a seus desejos pessoais, sua pequenez política, impondo-lhes suas fixações ideológicas. Bolsonaro está acuado e enfraquecido, apoiado por criaturas absolutamente paranoicas.
Para complicar ainda mais a situação, o suplente a senador de Flávio Bolsonaro, o empresário Paulo Marinho, declarou que Flávio recebeu telefonema de um delegado da Polícia Federal do Rio de Janeiro convidando-o até à sede da corporação para informar-lhe da operação batizada como “Furna da Onça”. Tal operação investigava irregularidades envolvendo Fabrício Queiroz, e a família Bolsonaro viria a público, mas que o delegado, simpatizante do bolsonarismo, assegurou que a operação estaria sob controle para que não atrapalhasse Bolsonaro na disputa do segundo turno da eleição.
A Polícia Federal sempre se notabilizou por atuação imparcial no combate ao crime, mas, desta vez, um dos seus delegados apresentou desvio de conduta e tem que ser severamente apurada. Estranha no meio de órgão seriíssimos haverem pessoas não pactuadas à ética e à verdade como tal delegado e, como outro exemplo, na justiça federal, Sérgio Moro, desmoralizado com sua Farsa a Jato. Dá medo de um país onde pessoas que atuam nesse nível agem de maneira inescrupulosa, contrário do que prega a Constituição de 1988.
Outros absurdos foram revelações ocorridas na famosa reunião ministerial dirigida por Bolsonaro, que agora estão em processo na Suprema Corte. Nas gravações, Guedes solta um palavrão de baixo calão, dizendo que se deveria vender urgentemente o Banco do Brasil. Em boa interpretação, o que Guedes deseja é entregar aos bancos internacionais por ninharia, uma empresa altamente lucrativa e genuinamente brasileira. Outro escândalo foram as declarações descontroladas de Abraham Weintraub, que sugeriu que fossem mandados à cadeia os ministros do Supremo Tribunal Federal, assim como sua colega Damares Alves que propôs a prisão de governadores e prefeitos.
E o que fazer para se livrar de um governo desses? Aguarda-se outubro de 2022? Como diminuir o abismo entre os grandes e os “comuns”? O economista Walter Scheidel afirmou que só uma mudança radical como pandemias, guerras, colapso do Estado, com de milhões de mortos deixaria um rastro de destruição das riquezas, levando a uma nova ordem mundial. Mas pensa-se nos milhões de desempregados que o Covid-19 deixará e as possíveis mudanças sociais dependerão do próximo governo, porque, neste, estão socorrendo bancos e grandes corporações. É inacreditável que as desigualdades diminuirão sem uma grande consciência coletiva e ações enérgicas, porque, no futuro, tudo pode acontecer!