Na década de 1980, os norte-americanos apoiavam o Consenso de Washington, que nada mais é que o neoliberalismo, pensamento econômico que ganhou força pelas deficiências observadas no keynesianismo e na excessiva regulamentação governamental. O resultado disso foi a criação de economias financeirizadas, desiguais e instáveis. No decorrer das próximas décadas, observou-se que esses fundamentalistas de mercado não estavam preocupados ou sabiam resolver problemas de inclusão social, mudança climática e consequências de inovações tecnológicas.
O estudo da economia concentra-se em como os mercados podem produzir muita desigualdade e como falham em seus próprios termos de eficiente alocação de recursos. Surpreendentemente, o presidente dos EUA, Joe Biden, reservou enorme expansão dos gastos do governo em programas sociais, infraestrutura e transição à economia verde. Pretende usar compras governamentais para reconstruir cadeias internas de abastecimento e trazer empregos no setor de manufatura de volta aos EUA.
Biden criou um plano e nominou a primeira parte como “Plano de Resgate Americano”, formado por um conjunto de medidas em US$ 1,9 trilhão para aliviar perdas provocadas pela pandemia. A maior parte do dinheiro vai para ajudar pequenas empresas e famílias mais pobres com auxílio emergencial. A segunda parte, criou outro plano “Plano de Emprego Americano”, que compreende investimentos em infraestrutura no valor de US$ 2,25 trilhões entre infraestrutura geral e residencial. Os dois planos totalizam US$ 4,15 trilhões, correspondentes a 20% do PIB anual dos EUA. Trata-se de uma intervenção com visão socialista!
Apesar do excelente plano de Joe Biden, sabe-se que ele é presidente dos EUA e protege seu país, e não bate continência à Bandeira Brasileira. Os Estados Unidos estão prestes a enviar ao Brasil o primeiro vôo fretado de imigrantes brasileiros deportados desde o início do governo de Biden. Nesta semana, 130 brasileiros serão mandados de volta. Os voos fretados com deportados ao Brasil tornaram-se frequentes no governo Trump, como marca da contestada política e da retórica anti-imigração.
Enquanto Biden protege o povo norte-americano, Bolsonaro declara que “a única republiqueta do mundo é a nossa, que aceita essa porcaria de voto eletrônico” – aquele mesmo que o elegeu – e “se não houve voto eletrônico, é sinal de que não terá eleição. O recado está dado”. Esse gesto serviu para antecipar a estratégia à eleição de 2022. Na hipótese de derrota, está claro que Bolsonaro não aceitará o desfecho, mesmo se houver voto impresso. Assim como o então presidente Trump, aqui se alega que só perderá se houver fraude.
Para lembrar: Trump, ídolo de Bolsonaro, na campanha de reeleição, disse diversas vezes que só perderia se houvesse fraude. Uma vez que as urnas indicaram sua derrota, Trump incentivou seus seguidores a contestar a votação e a invadir o Capitólio, sede do Congresso, para impedir a consagração dos resultados. Como houve fraude nos EUA se os votos foram impressos? Bolsonaro quer voto impresso porque nas urnas eletrônicas ele será roubado! Como, se ganhou a eleição nas urnas eletrônicas?
Afinal, o Brasil é ou não republiqueta? Ao invés de perder tempo com passeio de moto (sem capacete!), o Brasil deveria trabalhar para arquitetar plano semelhante ao de Biden e investir para diminuir desigualdades, gerar emprego e renda, investir em educação, saúde, e segurança e colocar o país novamente nos trilhos.