É preciso reconstruir os laços de confiança entre a sociedade e o novo governo e, existem dúvidas que o atual presidente e sua equipe tenha as qualidades para tanto. O governo tem que optar em proteger os que já ficaram para trás ou aceitar o “laissez-faire” (rezar para que o “mercado” resolva tudo?) ou mobilizar todas as forças para adotar a quarta revolução industrial e reconhecer que o princípio da futura economia global não estará mais baseado na vantagem comparativa de Adam Smith. No governo existem tendências autoritárias e gente que vê fantasmas no “globalismo”.
Na última semana houve fatos relevantes como a eleição de Rodrigo Maia, reeleito pela terceira vez como presidente da Câmara dos Deputados e, também com uma manobra de Onyx Lorenzoni, foi eleito Davi Alcolumbre presidente do Senado, ambos do DEM e amigos do governo. Ah, lembramos da votação a presidência do senado que participaram 82 senadores e é sabido que existem apenas 81. Ficamos preocupados porque todos viram que, dentro do Congresso existem pessoas mal-intencionadas. Um fato desagradabilíssimo foi o que a Justiça brasileira fez com Lula por ocasião do enterro do seu irmão Genival Inácio da Silva, quando a primeira e segunda instância negaram permissão para acompanhar a inumação, fato previsto no Art. 120 da Lei 7210/84, da Execução Penal. O STF autorizou desde que o encontro ocorresse num quartel e o morto fosse levado lá. Esse fato compromete a confiança na justiça brasileira e todos gostando ou não de Lula, veem claramente traços de parcialidade e desumanidade.
O governo ainda está confuso e não definiu como vai tratar o Mercosul, Reforma da Previdência, desemprego de 12%, dívida pública em 78% do PIB, mudanças da atividade política. Também ficar falando de anticomunismo nas relações internacionais é perigoso porque a China é o principal parceiro econômico do Brasil e não vai tolerar qualquer discurso criticando-a. Os árabes já estão cancelando compras de produtos brasileiros, decisão tomada depois das falas do ministro das Relações Exteriores de trocar a embaixada brasileira de Israel para Jerusalém.
Num governo que venceu com a bandeira de combater a corrupção é grave o fato de pessoas do círculo familiar do presidente parece ter relações bem próximas com as milícias cariocas. O chefe da maior milícia está foragido (ex-capitão do Bope) Adriano da Nóbrega. Seis testemunhas das mortes de Marielle apontam Adriano da Nóbrega como participante do crime. Dona Raimunda, mãe de Adriano, funcionária de Flávio Bolsonaro, é uma das pessoas que depositavam dinheiro na conta de Queiroz. Danielle, mulher de Adriano também trabalhou no gabinete de Flávio Bolsonaro.
Flávio Bolsonaro homenageou Adriano da Nóbrega outorgando-lhe a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. O atual presidente, na Câmara em 2005, então deputado federal, defendeu Adriano como um “brilhante oficial”. Em, 2008, criticou a CPI das milícias, enquanto Flávio, o 01, declarou que as áreas dominadas por milicianos existem felicidade. O presidente é amigo de longa data de Fabrício Queiroz, homem que movimentou 7 milhões nos últimos três anos, e este último é amigo de Adriano da Nóbrega e pediu a Flávio que o homenageasse por duas vezes. A eliminação das diferenças se dá através do debate de ideias e não através da eliminação do outro.