Nosso próprio talibã

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O Brasil precisa restabelecer as condições para acabar com a fome e achar métodos para reduzir as desigualdades sociais, além criar ações para propiciar a retomada do emprego e do crescimento e do desenvolvimento econômico. Analisando a evolução de indicadores nos primeiros 30 meses da gestão bolsonarista, se assistiu ao retrocesso na economia, educação, saúde, área social e ambiental. Aumentaram também a desigualdade e a pobreza, esta última, triplicada. A fome é um escândalo: milhões de famílias estão passando fome no país que mais exporta comida no mundo.
É preciso entender que um governo com discurso golpista está com economia emperrada, dólar nas alturas, insegurança política e atraso no combate à pandemia, fatos que comprovam a inabilidade de Bolsonaro em conduzir o Brasil. A instabilidade cambial resulta em incertezas internas e externas. O atual governo compromete as finanças públicas, assusta o mercado financeiro e os produtivos nacional e internacional. Essas ameaças à eleição de 2022 por ataques ao judiciário e elogios a um torturador denotam sua ambição muito maior que se imaginou.
Os dois principais motivos para a onda pessimista são a escalada da inflação (8,99% nos últimos 12 meses) e o descrédito na gestão das contas do governo federal, os mesmos que nos levaram ao colapso econômico em décadas passadas. Isto resulta na economia o preço do desgoverno que se paga imediatamente na forma de desemprego, fome, pobreza, inflação, informalidade.
O governo se mostrou ineficaz no controle da disseminação da doença causada pelo Covid-19, deixando mais de 570 mil mortos e também deixa uma forte crise econômica e um pacote fiscal relativamente elevado. Torrou dinheiro público, retardou compra de vacinas, sabotou medidas sanitárias e não conseguiu conter a monstruosa crise social que ora se atravessa. A gasolina já passa dos R$ 6,00; o dólar voltou em nível de R$ 5,40; gás, R$ 100; 15 milhões de desempregados, juro (SELIC) deve terminar o ano em 7,5%; preços em supermercados na estratosfera! Onde isso vai parar?
Por outro lado, é visível o declínio da popularidade de Bolsonaro com a expectativa de derrota eleitoral em 2022, cuja martirização passa a ser sua nova estratégia. Desde que assumiu a presidência em 2019, Bolsonaro se tornou alvo de um processo judicial a cada seis dias, informação obtida pelo jornal O Globo, segundo a Lei de Acesso à Informação. A Advocacia Geral da União defende Bolsonaro em 160 processos. Ele tem dificuldades em aceitar posições diferentes e exerce o poder presidencial em constante conflito.
Diante dessa situação, ainda por cima, Bolsonaro faz florescer: cultura do ódio, ideias ultraconservadoras, que não aceitam a existência de minorias e são negacionistas, remetendo a um passado cruel e buscando forças na escuridão, no fanatismo religioso e político. Ameaçam marchar contra a democracia no 7 de Setembro, alimentando uma estrutura perversa de extrema direita que está levando o país para o buraco. É assustador que existam milhões de pessoas que são iguais aos talibãs do Afeganistão. Lá, se mistura religião com governo, não existe STF, não tem educação, pregam o assassinato de opositores, desrespeitam e brutalizam formas de tratamento em relação ao gênero feminino, todos andam armados e a milícia governa o país. Nossos talibãs são em maior número que toda a população do Afeganistão: assusta a ignorância desse povo de um dos maiores e melhores país do mundo.