Na academia da Ferrari, Mick Schumacher corre contra o próprio histórico

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A entrada de Mick Schumacher na academia de jovens pilotos da Ferrari, confirmada na última semana, alimentou a expectativa de que o filho de Michael possa seguir o caminho do pai e se tornar um grande ídolo da Scuderia. Porém, o alemão, que completa 20 anos em março, passará por um teste importante nesta temporada na Fórmula 2. E terá de se livrar do estigma de piloto que demora a se adaptar a novas situações.

Mick Schumacher tem alguns fatores a seu favor: correrá pela equipe Prema, uma das maiores da categoria e com na qual está desde a F-4. Terá, claro, o apoio da Ferrari, inclusive na estrutura da equipe, e correrá em um grid esvaziado depois dos pilotos do top 4 do ano passado deixarem a categoria (George Russell, Lando Norris e Alexander Albon foram para a F-1 e a carreira de Artem Markelov está em suspenso após seu pai e financiador ter sido preso na Rússia).

Porém, desde o kart, o piloto tem demonstrado dificuldades em se adaptar a novas categorias. Ele começou a correr em 2008, usando o sobrenome de solteira da mãe, Betsch, como forma de não chamar a atenção, e apenas em seus dois últimos anos de kart, 2013 e 2014, passou a ter resultados mais expressivos, terminando o alemão, europeu e mundial em segundo.

O relacionamento com a Prema, equipe com a qual correrá na F-2 e que tem fortes laços com a Ferrari e que costuma ter como seus pilotos membros da Academia da Scuderia, começou em 2016 ainda na F-4, onde Schumacher também demorou a decolar. Ele foi décimo em seus dois primeiros campeonatos mas, com uma equipe mais forte, foi segundo em 2016 no alemão e no italiano de F-4. Subindo para a F-3 em 2017, Mick Schumacher também demorou a se adaptar, sendo 12º mesmo correndo pela Prema, que colocou seus companheiros em terceiro e quarto no campeonato.

A temporada de 2018 também não começou bem para Schumacher, que só foi ganhar a primeira prova na última prova da quinta rodada tripla do campeonato, justamente em Spa-Francorchamps, pista muito ligada a seu pai – onde Michael estreou, venceu pela primeira vez (depois obtendo o recorde de vitórias, seis) e conquistou o último título, em 2004. Dali em diante, Mick decolou no campeonato, vencendo sete das últimas 15 corridas.

A mudança de desempenho no meio do campeonato gerou questionamentos sobre um possível favorecimento a Schumacher, cujo nome começava a circular cada vez mais fortemente no paddock. No final do ano passado, inclusive, o então chefe da Ferrari, Maurizio Arrivabene, já dava sinais de que a contratação do alemão nascido na Suíça era uma questão de tempo.

Na Fórmula 2, Schumacher deve ter vida fácil contra o companheiro Sean Gelael, mas vai correr contra pilotos experientes na categoria, como Sergio Sette Camara, Nyck de Vries, Jack Aitken e Louis Deletraz. Outro desafio será lidar, pela primeira vez, com os pneus Pirelli, sempre citados como de difícil adaptação pelos pilotos. Na F-3, Schumacher usava os Hankook.
Perguntado se Mick poderia ser uma estrela da F-1 no futuro, Sebastian Vettel, que correu lado a lado com ele na Corrida dos Campeões, no último fim de semana, disse achar que sim, mas ponderou: “Deem tempo a ele, ele já está sob bastante pressão. Deixem ele fazer as corridas deles, deem tempo e veremos o que acontece.”

Já o chefe ferrarista, Mattia Binotto, garantiu que a contratação de Mick foi devido a “suas qualidades profissionais e humanas”. O engenheiro disse conhecê-lo “desde que nasceu”, uma vez que fazia parte do time de testes da Ferrari na época em que Michael Schumacher estava na equipe, de 1996 a 2004.

Mick Schumacher será um dos três pilotos da academia da Ferrari na F-2, ao lado de Giuliano Alesi e Callum Ilott. A academia conta com dois brasileiros Enzo Fittipaldi, atual campeão da F-4 italiana, vai correr na Fórmula 3 Regional e Gianluca Petecof fará mais um ano na F-4.

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