Meros dados sobre desigualdade brasileira

0
25


Segunda pesquisa apresentada em 4/10/19 pelo IBGE, na Pesquisa de Orçamento Familiar, em nove anos, caiu o percentual de famílias brasileiras que têm renda mensal superior a seis salários mínimos e aumentou o número de quem vive com menos que esse valor. O estudo mostra que 2,7% das famílias brasileiras concentram 19,9% da renda. Outros 23,8% vivem com menos de dois salários mínimos por mês, em um sinal de que a desigualdade de renda permanece grande no país. Ao todo, 73% das famílias brasileiras receberam menos de seis salários mínimos por mês entre 2018 e 2019. Há nove anos, eram 68,4%. A pesquisa considera a existência de 69 milhões de famílias no país. Quase um quarto delas, 16,4 milhões, vivem com apenas dois salários mínimos; já na classe mais alta, com renda média acima de R$ 23.850,00, o trabalho garante 69% do total. São 1,8 milhão de famílias.

Por outro lado, o Ministério da Educação divulgou também em 4/10/19 resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes – Enade. Somente 3% dos cursos de ensino superior de instituições particulares avaliados na última vez tiveram conceito máximo. Tal índice é de 29% entre cursos de universidades federais. O Enade é uma avaliação federal realizada por concluintes do ensino superior; esta última, aplicada em 2018. Os dados em geral não mostraram bons resultados do ensino superior e com tendência à diminuição da qualidade. O Conselho Nacional de Educação pôs em debate minuta de resolução a respeito das Diretrizes Curriculares Nacionais. Não se pode só culpar professores por maus resultados da educação brasileira: o sistema está viciado e precisa mudar!

Enquanto isso, Paulo Guedes e equipe alimentaram a expectativa de avanços rápidos em medidas de modernização, muitas já vinham sendo debatidas. Os resultados, ao menos por enquanto, mostram-se decepcionantes, algo que não pode ser atribuído apenas à notória aversão de Bolsonaro a articulações política. Recentemente, declarou que acredita piamente em Guedes e que ele aponta o futuro econômico do Brasil, sem sua intervenção. Aos entendidos de economia, crê-se que Guedes, homem do mercado financeiro e que nunca trabalhou na vida pública, está perdido e sem rumo e, sem saber o que fazer, focou nas Reformas da Previdência, Trabalhista, Tributária e quer ressuscitar a CPMF. Sabe-se que essas reformas não trarão resultados à população, e sim alta redução de custos aos empresários e ao governo.

A política brasileira continua conturbada. Em manchete do Jornal Folha de São Paulo, do último domingo, 6/10/19, a Polícia Federal afirma que, desde fevereiro de 2018, há um esquema nas verbas públicas de campanha do PSL, que desviou para diversos fins valores que, por lei, deveriam ser aplicados em candidaturas femininas. A PF afirma ter sido destinada ao Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Dias e a Jair Bolsonaro. Na mesma página, aparece o resumo da entrevista de Rodrigo Maia criticando o pacote anticrime de Sérgio Moro, afirmando que o ex-juiz tem como estratégia permanente a tentativa de acuar instituições. A política nova prometida não aconteceu; a economia não sabe a saída ao país; a educação patina e desce ladeira e, com tudo isso, a desigualdade aumenta.