A quem serve o “fundão eleitoral”?
Chegando o período das eleições e com a aprovação recorde de um fundão eleitoral aos pleitos municipais de 2024, o debate surgiu em todo o país, seja nas ruas, corredores acadêmicos, bares ou mesmo em grupos de whatsapp, muitos achando um absurdo injetar R$ 4,9 bilhões na política, outros concordando. A questão que poucos estão observando e aqui cabe uma reflexão a partir de quem já concorreu em eleições sem fundão eleitoral e também em eleições com o recurso público é: a quem serve esse fundão? Quando um candidato não tem dinheiro próprio para gastar nas eleições e concorre com candidatos de abastada fonte financeira, já surge de imediato o ferimento ao princípio da equidade. Principalmente porque tem um agravante nisso tudo, qual seja a facilidade de se fazer caixa 2, pois a fiscalização sobre os gastos eleitorais era mais amena. Com o fundo eleitoral o cenário muda. Candidatos com maior potencial eleitoral recebem mais, independente do critério de terem uma boa reserva financeira pessoal ou não. Isso ajuda a candidatos iguais a mim, que no ano passado recebi R$ 60 mil em dinheiro na conta, mais os valores declarados pelo Diretório Estadual para os gastos com divulgação e marketing de minha candidatura. Ainda tem a questão de fomento da economia. O valor é injetado integralmente na prestação de serviços, desde fabricantes de marketing impresso, que é vasta, até toda a cadeia produtiva do combustível, postos, transportadoras, distribuidoras, alimentação e, não menos importante, a permitida contratação de divulgadores de campanha, conhecidos mesmo como “cabos eleitorais”. Graças a este aspecto, de dois em dois anos, por dois meses, os prestadores de serviços no Brasil têm um alívio e até um incentivo para colocar nos trilhos o que está em falta, em termos financeiros. O que fica é o desejo de um processo eleitoral lícito, sem compra e venda de votos e de olho na democracia e no entendimento da classe política a respeito das transformações necessárias nos municípios.
Atenção: esta coluna é escrita e editada pelo jornalista Rodrigo Kohl Ribeiro MTB: 18.933, de sua inteira e irrestrita responsabilidade. Qualquer sugestão ou crítica, pode ser enviada para o e-mail joaopimentadepalmas@gmail.com ou pelo WhatsApp 46 98820-4604.