Como foi minha cirurgia no coração
O tempo estava para chuva quando cheguei no hospital depois de tantas tentativas. Afinal, para operar o coração você fica em uma fila eletiva em que a qualquer momento pode chegar outra pessoa em situação pior que você. E de fato aconteceu. A data foi alterada algumas vezes mas finalmente dia 3 de setembro me vi em um quarto de hospital. E lá estava também uma pessoa que não lembro o nome. Vítima de pancreatite aguda, percebi que ele sim necessitava de cuidados. Já acomodado no leito, pude lembrar do sorriso singelo de uma mocinha de branco, uma técnico em enfermagem que me recebeu na portaria. Sua alegria incontestável me trouxe a paz que precisava. Achei engraçado quando ela me trouxe uma escovinha com esponja e sabão, eu nunca tinha visto daquilo. Ela disse: “às seis da manhã alguém vai te buscar, então tome um banho agora e outro às cinco da manhã. Essa escovinha com esponja e sabão não é que você está sujo” (risos) E continuou. ‘‘Lave bem a parte de dentro das pernas e também seu peito, para evitar infecções durante a cirurgia’’. A noite foi tensa, mais pelo medo do que viria. E ao amanhecer, outra enfermeira já veio com uma cadeira de rodas dizendo que havia chegado a minha vez. Confesso que um frio na barriga já tomava conta de minha respiração. Andando pelos corredores do hospital a caminho do bloco cirúrgico, a sensação de que não havia mais volta era real. Me transferiram para uma maca e o desconforto de estar com o corpo nu, coberto apenas por um avental era nítido, mas ao mesmo tempo esse desconforto foi dando lugar à confiança quando vi meu cirurgião sorrindo e dizendo que daria tudo certo. A equipe de anestesistas já havia iniciado os procedimentos e eu nem percebi a punção nas veias. O médico anestesista eu não conhecia, parecia um top model de filme americano, tanto que achei engraçado e até comentei a respeito. Todos dando risada, achando engraçado e dizendo que o anestesista havia ganho seu dia com meus elogios. Eu ainda perguntei, o senhor não vai me anestesiar? Ele respondeu: “Quando eu for anestesiar vou pedir para o senhor contar até três”. Era zuerinha, pois por mais que eu tente lembrar, não recordo do pedido de contagem. Naquele exato instante foi que apaguei. (continua na próxima edição)
Atenção: esta coluna é escrita e editada pelo jornalista Rodrigo Kohl Ribeiro MTB: 18.933, de sua inteira e irrestrita responsabilidade. Qualquer sugestão ou crítica, pode ser enviada para o e-mail joaopimentadepalmas@gmail.com ou pelo
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