Chegou o dia mais feliz, imaginado. Chegou o dia do casamento. Vamos morar juntos; chega da interveniência em nossas atitudes de nossos pais, irmãos etc.
Após algum tempo começa a reinar entre o casal o mau humor, o diálogo encurta, as palavras ficam menos afetivas. Abraços, são até esquecidos. A curiosidade começa como uma formiguinha perambular pelos pensamentos, cada um procurando desvendar o que está acontecendo com e na cabeça do outro.
Simples. As finanças estão curtas; o marido perdeu o emprego, está no fim do gasto das verbas rescisórias, um novo emprego não surge, e os bicos ficaram escaços; atribui a culpa a esposa de ser muito gastona e impulsiva; esta por sua vez, encarregada do filho e dos serviços domésticos, também ficou sem o seu trabalho de professora substituta.
O dinheiro que entra está muito aquém do necessário para pagar as contas vindas de faturas de consumo fixo, como aluguel, água, luz, telefone, tv, internet…alimentação e vestuário e ainda compromiços financeiros que vêm do tempo em que tudo ia bem
A condição de vida que era média, passou a baixa, e está as margens da pobreza. O aluguel foi reduzido, mas não tanto quanto, os ganhos. E agora o que fazer?
Então aquela vida linda, a promessa de amor eterno, começam a se desfazer; a causa não está nas imagens criadas pela ficção de cada um, está na crise financeira.
Essa história é muito mais comum do que possamos imaginar. Já conversamos com muitas pessoas que passaram ou estão passando por isso.
Para esse momento precisa-se de diálogo que envolva a todos os membros da família, cuja conclusão poderá desaguar na verdade pura que tudo pode continuar como o imaginado no dia do casamento.
Precisa planejar, rever nossos compromiços, negociar. Negociar primeiramente as contas bancárias. Estudar os contratos, conversar com os agentes financeiros. Já entrou no cheque especial?…no rotativo do cartão de crédito?… Isso é muito caro. Pode-se negociar com juros bem menores em outras modalidades de crédito, com carência, com prazos mais longos e enquanto isso buscar alternativas de trabalho.
Uma alternativa de trabalho que tem dado muito certo para muitos trabalhadores é transformar sua profissão em autônomo, registrar uma micro empresa individual, MEI, por exemplo, trabalhar recebendo por serviço prestado, de forma formal, e dependendo do que se aprendeu a fazer no correr de nossos anos de vida, até de “marido de aluguel”. Muitos já fizeram isso com sucesso, resolveram seus problemas financeiros e, em consequência, seus problemas familiares. Se procurarmos, sempre haverá uma solução. A garra, a luta, o desprendimento em conversar, dialogar, abrirão portas e janelas. Desanimar nunca! Não podemos nos intimidar.
Passos Maia, 17 de julho de 2020.
Fonte: Antonio Abilio Mantovani