Instabilidade política

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O Brasil tem a pior moeda global, mesmo diante do recuo mundial do dólar nos últimos três meses: a moeda norte-americana continuou a se valorizar 40,1% ante o real. Isto demonstra maxidesvalorização de 29,8%. Se as coisas continuarem assim, o dólar chegará a R$ 6,00 devido à fragilidade fiscal e pela saída de capitais de investidores estrangeiros. Até agosto de 2020, saíram pelo câmbio financeiro US$ 47,6 bilhões que bateram as retiradas do país na crise de 2008. E, para lamentar, em 2019, foram US$ 62,2 bilhões. A aversão ao risco levou investidores ao dólar. Com dívida bruta em 88% do PIB, o Brasil atrai mais os capitais especulativos.

Em setembro, o principal índice da bolsa de valores, o Ibovespa, recuou 4,5% e, no ano, acumula queda de 18,1%. A desvalorização do real em frente ao dólar mostra a piora da percepção da economia brasileira por investidores brasileiros e estrangeiros. A situação reflete a deterioração quanto à capacidade política do governo de lidar com problemas. Setembro foi um mês de perda generalizada à principal classe de ativos, da renda fixa às ações, com exceção do dólar. Até o ouro terminou o período em queda de 1,6%.

A preocupação com as finanças públicas no Brasil impediu o real de se beneficiar da tendência de enfraquecimento global do dólar. Entre as 33 moedas mais negociadas do mundo, o real ficou entre as oito que perderam a chance de crescer diante um dólar mais fraco. A taxa de desemprego atingiu o patamar inédito de 13,8%, segundos dados divulgados pelo IGBE na semana passada: somam 13,1 milhões de brasileiros buscando trabalho. O desemprego no Brasil é o maior em quase 30 anos.

A depressão econômica e a crise social e política que se vive desde 2019 é prova do fracasso de Guedes que não apresenta perspectiva aos 25 milhões de trabalhadores desempregados e desalentados assim como os 35 milhões de trabalhadores subutilizados e os milhões que entraram na pobreza nos últimos anos e lá permanecerão. As reviravoltas políticas a inépcias do governo em geral diminuem a confiança da população.

Existem 13 milhões de pessoas passando fome no Brasil e sabe por quê? Infelizmente, o combate à fome deixou de ser prioridade do governo desde a posse de Temer. A fome no Brasil não é oriunda da falta de alimentos produzidos, mas de alimentos consumidos dada a impossibilidade dos mais pobres de ter acesso a eles. Os dados da FAO indicam que o Brasil produz mais do que o suficiente para alimentar todos os brasileiros e ainda sobra 1/3 para exportação. O problema é que o governo segue com o desmonte do que ainda restou da política de segurança alimentar implantada no Brasil.

Enquanto o STF libera vendas de refinarias da Petrobrás como subsidiárias, o governo venderá parte da Petrobrás sem necessidade de pedir autorização ao Congresso. Começou o desmonte, entregarão tudo ao capital estrangeiro. O coronavírus já matou mais de 1 milhão de pessoas no mundo; o Brasil aproxima-se de 150 mil. Sem empregos, plano governamental e dinheiro, vê-se o governo perdido, alimentado por seguidores que vivem outra realidade e que sonham de forma radical, o covid-19 segue silencioso: não é uma ‘gripezinha’, mas sim um Apocalipse!
Edmundo Pozes
Pós-Doutor em Administração
Docente Associado do IFSC