Nos dias atuais é importante que toda a família esteja, desde já, preparada para a transição e processos sucessórios dos negócios e bens familiares, os quais ocorrem sempre de forma indesejada e inesperada, trazendo custos, transtornos e desgastes excessivos por falta do planejamento.
Assim, independentemente de quem assumirá o negócio rural, ou qualquer outro negócio familiar, é importante que TODOS da família já estejam preparados e participando do dia a dia financeiro e de administração.
O agronegócio brasileiro, assim como os outros ramos de empreendedorismo no Brasil, passam por uma constante e rápida evolução que demanda investimentos, trabalho duro e uma expertise na gestão e administração das empresas e do negócio em si que se deparam com um cenário de oportunidades, mas também de grandes desafios diários, onde, em caso de sucessão inesperada, todos da família devem saber como a engrenagem do negócio deve continuar imediatamente.
A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) aponta que até 2030, aproximadamente 40% dos produtores rurais sairão da atividade. Uma estimativa alta que nos faz repensar os motivos para que esses negócios não se perpetuem, se é por vontade própria, má-gestão ou falta de trato sucessório através de uma Holding ou outros meios adequados e seguros.
Ainda que muitos pensem que as falências estão ligadas às perdas e frustrações de safras, a principal razão desta queda se encontra porteira adentro: falta planejamento sucessório nas empresas que, na maior parte, são familiares.
No Brasil, 90% das empresas têm perfil familiar, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um estudo do Banco Mundial afirma que apenas 30% das empresas familiares chegam à 3ª geração e apenas metade disso, ou seja, 15%, sobrevivem a ela. Os dados acendem um alerta importante para os produtores rurais que desejam que seu negócio continue vindouro nas mãos e gestão de seus filhos.
A sucessão familiar acontece quando uma geração abre espaço para que outra assuma a administração do negócio familiar, e muitas vezes esse espaço abre quando ocorre o evento morte de forma inesperada, e acaba ocorrendo brigas internas familiares em razão da ausência de planejamento e até mesmo de uma prévia e insistente conversa. É um processo complexo que demanda planejamento, tempo e estudo para tomada de decisões assertivas. Também é um processo que almeja a generosidade por parte dos fundadores que, em sua maioria, no campo, são patriarcas que possuem grande dificuldade em dividir decisões e passar o bastão.
A boa notícia é que o empreendedorismo rural, assim como outras atividades, está em constante transformação e já com a cabeça aberta de ser dono de uma Empresa/Holding e não de uma Fazenda propriamente falando.
Independentemente de quem assumirá o negócio rural após o processo sucessório, o importante é que toda a família esteja preparada para esta transição. Buscando ajuda, como consultorias jurídicas e de seus advogados e contadores de confiança, é possível um planejamento, com antecipação dos problemas e pontuação das capacidades que beneficiarão e proporcionarão a continuidade e o crescimento do empreendimento.
Eduardo Tobera Filho
Advogado