Ser patriota é o esforço individual para ser útil à pátria, agindo em defesa não aos próprios interesses, mas sim ao coletivo. Patriotas posicionam-se em ideias e atos ao bem comum. Infelizmente, vive-se uma sociedade egoísta, individualista, aversa às questões sociais e coletivas. A ausência de políticas públicas não forma identidade nacional, e daí a hiper valorização do indivíduo e apagamento de desigualdades sociais.
A capa da Folha de São Paulo, 19, ilustra Bolsonaro na manchete usando cocar colorido, medalha no peito e indiozinho no colo, cuja legenda dizia: “Bolsonaro recebe medalha indigenista autoconcedida”. A reportagem continua na p.A8 onde presidente e alguns ministros foram agraciados pelo Ministério da Justiça à Medalha do Mérito Indigenista: é bizarrice tal atitude, pois é justamente nesse momento em que Bolsonaro pressiona o Congresso pela aprovação de projeto de lei que libera a mineração em terras indígenas.
Na página A2, um artigo assinado por Txai Suruí, coordenadora da Associação Etnoambiental, intitulado “Medalha ao Anti-indígena”, ela afirma que, nos anos 1990, Bolsonaro então deputado federal, tenta impedir a criação da Terra Indígena Yanomami. Em 2018, em plena campanha presidencial afirmou por diversas vezes que não demarcaria nenhuma terra indígena e isso realmente vem acontecendo. Em 2020, em discurso na ONU, acusou o indígena Raoni MetuKtire (maior liderança no Brasil) de ser peça de manobra para governos estrangeiros. Na ocasião, falou que “os indígenas estão evoluindo e se tornando humanos”. Em 2022 Bolsonaro diminuiu o orçamento à proteção de terras indígenas e à promoção de povos indígenas.
Txai Suruí questiona a medalha agraciada à Ministra Damares Alves, uma vez acusada pelos Kamayurás de raptar crianças indígenas, conforme publicado no jornal espanhol El País, em 2019. Txai Suruí também não se conforma pela medalha concedida à Ministra Tereza Cristina Dias que defende a abertura de Terras Indígenas para mineração, garimpo e arrendamento. Txai Suruí encerra o artigo afirmando que povos indígenas repudiam o ato de auto-homenagem com a Medalha de Mérito Indigenista aos inimigos dos povos indígenas. Quem defende um governo que destrói os povos indígenas é um falso patriota. O índio é o herói nacional (José de Alencar)!
Em novembro de 2021, Bolsonaro condecorou e entregou a si mesmo a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe de Grã-Cruz, a mais alta da comenda honorífica. Também concedeu onze medalhas a familiares: três para o filho Senador Flávio; cinco, ao deputado Eduardo; e três à esposa Michelle, sem que tenham feito algo notável. Foram todas arbitrárias e sem justificativa, apenas nepotismo. É esse o comportamento de um mito?
Patriotismo de fachada, falso discurso do amor à pátria e insistente ódio a todos não bolsonaristas não convencem os que têm entendimento sobre o que realmente acontece. É assustador ver as pessoas que o cercam e que não têm discernimento para entender que são manipuladas por milicianos e fascistas interessados em se manterem no poder: só incautos, inocentes ou despreparados creem nessa lorota – os outros que o apoiam são falsos patriotas. Que tal acordar, sair do mundo metaverso e voltar à realidade? Não existe ninguém que descerá de um cavalo branco para salvar o país! O Brasil não suporta mais falsos patriotas!