A relação entre obesidade e hipertensão
É sabido que a hipertensão ocorre mais frequentemente entre obesos e a obesidade por si só aumenta os níveis de pressão arterial. Esses dados têm sido confirmados por diversos estudos em diferentes países. Os mecanismos envolvidos nesta relação são a resistência à insulina e hiperinsulinemia (aumento da produção de insulina e do seu nível no sangue). Isso faz com que os vasos que irrigam os rins se contraiam e a irrigação diminua, ocorrendo aumento da produção de um hormônio que leva a uma reação em cadeia de um sistema conhecido como Renina-Angiotensina-Aldosterona, que faz aumentar a quantidade de sódio e dos níveis de pressão arterial. Outro hormônio, chamado leptina, produzido pelas células de gordura do corpo, também faz aumentar os níveis de pressão, sendo outro fator de correlação entre gordura corporal e pressão alta.
A obesidade também favorece uma condição chamada apneia do sono, o que leva a uma condição de baixa oxigenação chamada hipóxia, que ativa o sistema nervoso simpático a produzir hormônios que elevam a pressão.
Além disso, a inflamação crônica gerada pela obesidade, bem como o desgaste energético e metabólico, também estão associados à origem da hipertensão arterial.
Evitando e tratando o problema
Por se tratarem de duas situações extremamente complexas, o tratamento, bem como a prevenção, da obesidade e da hipertensão arterial envolve uma abordagem multifatorial. É vital a compreensão destes distúrbios como graves problemas de saúde, tendo em vista que, seguindo a tendência mundial de aumento de seus índices, em breve teremos uma grande população de crianças obesas, com risco cardiovascular aumentado e adultos com doenças cardiovasculares cada vez mais precoces.
O envolvimento do pediatra e dos pais na prevenção dos agravos é extremamente importante, sobretudo nas fases iniciais da doença ou, preferencialmente, antes que comecem a se instalar, modificando hábitos que desde cedo prejudicam o bem estar e a saúde das crianças, desde o início da vida.
É importante que os pais sejam orientados a conduzir o estilo de vida das crianças, através do desenvolvimento de rotina de alimentação saudável, incluindo alimentos que tenham um valor nutricional alto, excluindo desta rotina doces e guloseimas com alto índice glicêmico, o que promove um pico de insulina elevado, ocasionando alterações metabólicas que levam ao surgimento da obesidade. Por vezes, tais alimentos aparecem maquiados sob formas aparentemente inócuas como sucos de frutas, entre outras apresentações, porém os pais devem ser orientados a procurar nos rótulos dos alimentos informações sobre a quantidade e qualidade de açúcares e sódio, pois a ingesta aumentada de sódio favorece o aparecimento da hipertensão arterial e de doenças cardiovasculares.
Outras orientações recaem sobre o estilo de vida mais ativo, visando manter uma rotina saudável de exercícios físicos adequada para a idade e adaptada à rotina de cada criança.
O pediatra, ao detectar precocemente alterações da composição corporal, do índice de massa corpórea e da massa de gordura, bem como a aferição e detecção de alterações dos níveis de pressão arterial, tem condições de avaliar as possíveis causas destas alterações e promover o tratamento nos diversos níveis de atenção, indicando um acompanhamento especializado quando se fizer necessário.
Lembrando que a criança nunca está sozinha e sim, inserida em uma família. Esta também dever seguir as mesmas mudanças de estilo de vida, pois os hábitos das crianças são constituintes dos de sua família. Portanto, a alimentação saudável e rotina de exercícios devem ser seguidas por todos os familiares, além de outras orientações como o desencorajamento ao tabagismo, uma vez que o tabagismo passivo também é fator importante para o aparecimento destes problemas.
Agindo juntos, pais e filhos, sob a orientação do pediatra, podem reverter esta tendência e aumentar as chances das gerações futuras terem uma vida saudável e livre destas doenças, que figuram entre as principais causas de morte e agravos permanentes em todo o mundo.
Fonte: Sociedade de Pediatria de São Paulo (http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2015/07/entenda-os-perigos-da-obesidade-e-hipertensao-na-infancia)