Emergência social

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A Argentina, o vizinho mais ilustre, sofre emergência social sem precedentes. A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou, por unanimidade, a lei de emergência alimentar. A iniciativa havia sido apresentada pela oposição para amenizar efeitos da crise econômica de um governo neocapitalista, marcado por mega inflação, desvalorização do peso, problemas de fome, queda da renda e desnutrição. Essa emergência social é fato, cuja lei visa estabelecer participação de aumento de 50% do orçamento destinado a programas de alimentação a partir deste ano.

A Argentina já foi um dos países mais ricos do mundo, na década de 1920, quando tinha oito milhões de habitantes e a sexta maior economia do mundo. Seu crescimento derivou dos resultados da pós 1ª Guerra Mundial, quando obteve avanço da tecnologia de refrigeração e da base de exportação de grãos e carne. Nos anos de 1950, com uma sucessão de golpes militares, a crise começou a agravar. Após a democratização, teve muitas dificuldades em implantar políticas de austeridade que chocavam entre Estado de bem-estar social e sociedade corporativa de direita.

Milhares de pessoas estão, constantemente, na belíssima Plaza de Mayo, protestando contra a política neoliberal de Maurício Macri que, desde agosto último, desvalorizou mais de 20% o peso argentino, provocando reaquecimento da inflação e aumentando o temor dos investidores. Essa inflação é sinal de escalada do empobrecimento assustador do povo argentino, pois, nos últimos quatro anos, o povo portenho empobreceu ainda mais, apesar da promessa de campanha de Macri que combateria a pobreza. Entretanto, segundo dados oficiais argentinos, a pobreza que atingia 29% da população, hoje, atinge 32%; a previsão de que até o final do ano atinja 38% o seu nível de pobreza e que 10% estejam em nível de indigência.

Macri adotou medidas de emergência: congelamento dos preços por seis meses; o preço da gasolina, por 90 dias; prometeu subir o salário mínimo para compensar a corrosão do poder aquisitivo; aumentou as bolsas de estudo; limitou o saque de dólares nos bancos argentinos no valor de US$ 10 mil; e em setembro último, decretou moratória na tentativa de renegociar o pagamento da dívida de curto prazo em meio a perdas enormes da escassa reserva cambial. O país obteve ajuda de US$ 57 bilhões ao FMI em troca de um plano de austeridade.

Segundo o Ibre/FGV, em 2018, a crise argentina tirou 0,2% do PIB do Brasil e, neste ano, deverá ter efeito negativo de pelo menos 0,5%, apesar de Guedes ter dito, durante uma palestra em São Paulo, que o Brasil não precisa da Argentina para crescer: desconhece-se o sentido da função pública e estão completamente perdidos na condução do governo do Brasil.

Viveram-se diversas crises argentinas e brasileiras e, o Brasil continuar neste governo, sem dúvida, o país atravessará brevemente a maior crise social e de desemprego das últimas décadas. Os que estão no poder não sabem política pública e estão afundando o Brasil. A Argentina de hoje será o Brasil de amanhã: caos social e econômico, sob o olhar plácido de todos