Em virtude das inúmeras alterações de comportamento das crianças nos últimos anos, algumas das possíveis causas dessas ocorrências. As atitudes agressivas, a ausência do ato reflexivo, a adoção de posturas e práticas não-condizentes com a faixa etária em que estão, seriam decorrentes da exposição demasiada às influências negativas das mídias expostas?
As mídias possuem duas faces, sendo elas positiva e negativa. Ao saber utilizá-la, inúmeros benefícios podem ser obtidos para o desenvolvimento e formação do indivíduo. Por outro lado, partindo do ponto de vista negativo, os exemplos reais da influência das mídias, especialmente na vida das crianças entre 08 e 12 anos de idade neste século, são as exibições constantes de propagandas que enfatizam “compre isso ou aquilo”, “peça à mamãe ou ao papai um produto deste ou aquele”, deixando claro o apelo do mundo capitalista e consumista ao seu mais jovem público-alvo: as crianças de hoje serão os jovens e adultos de amanhã. Algumas pessoas devem já ter visto e ainda ser “vitimas”, das bonecas Lol, que não tem nenhuma utilidade, os preços são altos para um brinquedo com pouca utilidade. Esses valores de consumo transmitidos pela publicidade e dirigidos às crianças são prejudiciais, pois elas ainda não dispõem de maturidade suficiente para identificar nem compreender seu caráter persuasivo.
A maneira de as crianças de hoje em dia ocuparem o tempo, é muito distinta da forma como isso acontecia na primeira metade do século. No lugar do convívio com os pais e familiares, parentes e amigos, das brincadeiras de roda, das histórias contadas antes de ir dormir, elas passam a maior parte de seu tempo livre dedicada à telinha e suas programações, que abrigam de tudo um pouco: filmes, desenhos animados, novelas, propagandas abusivas, espetáculos humorísticos, programas de apelação sexual, e muitos outros. O que isso acarreta? As crianças podem facilmente assumir que o que veem nas mídias é aceitável, seguro e normal. Por muitas vezes os pais deixam essas mídias como forma de se “desocuparem” do tempo de cuidados dos filhos, a forma mais fácil de ocuparem a cabeça das crianças.
Os pais devem fazer o que estiver ao seu alcance a fim de minimizar os efeitos negativos das mídias sobre seus filhos. Não necessitando, de eliminar de uma vez por todas o acesso à TV, tablets e celulares, mas posicionarem-se como mediadores nesse processo. As crianças precisam saber como devem fazer isso e os pais são os principais responsáveis pelo acompanhamento de seus filhos e por sua educação. Ver TV ao lado dos filhos, discutir a respeito das programações, estruturar atividades a partir do que é visto na TV, são sugestões que servirão para encorajar as crianças a terem atitude crítica diante das influências sofridas pela mídia. Acompanhar os jogos de celulares e tablets, acompanhar o uso de APP conforme a idade de cada criança.
Mariana Cazella Maciel
Escritora, Mestre em educação, colunista Destaque Regional.
