O Brasil continua estagnado e, com praticamente dois anos e meio de mandato, Bolsonaro vive a combinação de alto desemprego, inflação crescente, orçamento federal muito mal organizado, preços em alta, enfim, economia emperrada e péssimo desempenho ao combate da covid-19 por escassez de vacinas. Morreram mais de 420 mil brasileiros nesta pandemia.
O que perturba são atitudes aterrorizadoras de seguidores bolsonaristas que o apoiam independente do que ele faça. “Adorei pegar uma carona com o presidente na inauguração da Ponte do Abunã!”, diz Hang, dono da Havan. Com Bolsonaro dirigindo a moto, os dois sem capacete, sem máscara, passeavam alegremente na última sexta-feira, quando estiveram na inauguração da ponte do Abunã, em Rondônia. Os apoiadores digitais, que vivem num mundo paralelo, imaginário, aplaudiram a coragem de Bolsonaro, sorrindo e debochando das leis.
Há muitos assuntos para comentar sobre os fatos da semana, como a opinião do Mourão sobre os 29 mortos na operação policial do Jacarezinho, Rio de Janeiro, onde afirmou que as vítimas eram todos bandidos. Sobre a primeira semana da CPI, pode-se comentar sobre a fuga de Pazuello, ou da fala do boicote a vacinas, indicação do uso de cloroquina e ivermectina. O ex-ministro Mandetta denunciou lobby por cloroquina; Queiroga hesitou entre agradar chefe e ciência; e Bolsonaro voltou a atacar a China.
E pensar em que tudo que está passando, iniciou com as declarações de Aécio Neves, no primeiro dia que foi ao Senado, após derrota nas urnas: “Vamos obstruir todos os trabalhos legislativos até o país ‘quebrar’ e a presidente Dilma ficar incapacitada de governar, sem apoio parlamentar. Aí reergueremos o país que nós queremos, pois sem o poder legislativo, nenhum governo se sustenta!”. Depois, vieram as agitações de rua em 2013, seguido da política suja da Lava-jato, o golpe de 2016, e a destruição do Estado de Direito. O resultado disso é a situação caótica econômica e social que se atravessa.
Com a piora econômica, a situação está afugentando as empresas multinacionais. Assistem-se atônitos à saída de empresas como a montadora americana Ford (mais de 100 anos no Brasil), as farmacêuticas Eli Lilly e Roche, além da cadeia de varejo Walmart. A espanhola Cabify desistiu do Brasil alegando que a crise dificulta o avanço do serviço de carona. A cimenteira franco-suíça Lafarge-Holcim também partiu. A japonesa Sony decidiu não mais fabricar ou vender no país tevês e equipamentos de som. A varejista L’Occitane fechou lojas no país.
A Mercedes-Benz fechou a produção de carros em Iracemápolis. A LG encerrará a fábrica de celulares em julho. A Roche, farmacêutica suíça, anunciou que encerrará a produção de medicamentos no país. A Audi montadora disse que deixaria o modelo A3 no Paraná. A hamburgueria Wendy’s fechou as unidades no Brasil. Mais empresas podem desistir do Brasil devido ao conjunto negativo macroeconômico e institucional. O Brasil está pouco atraente e a expectativa é que mais empresas importantes se afastem.
Clamo aos bolsonaristas saírem do mundo virtual e começarem a trabalhar pelo Brasil! Os empregos estão indo embora, consequentemente, muitas mortes e sofrimentos devido à covid-19 poderiam ter sido evitadas. Muitas famílias passam fome, pessoas sem esperança. A educação está fragilizada e a pandemia expôs o descuido à saúde. Não há como reerguer o país que se quer com esta gestão pública desastrosa que ora se vive.