É necessário avançar para 2023

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O Brasil precisa de paz, serenidade, pacificação e reconstrução nacional, mas parece que ainda se está distante de solucionar a crise moral que tomou o país nos últimos seis anos, possibilitando que cidadãos comuns acreditem em que tudo podem. Confusões resultantes da não aceitação dos resultados da eleição presidencial não acontecem somente às autoridades públicas inconformadas com a derrota eleitoral, mas com brasileiros que têm ido às ruas clamando por intervenção militar porque seu candidato perdeu a eleição, achando-se no direito de pedir às Forças Armadas que destruam o regime democrático.
É necessário repensar a democracia através de seus alicerces políticos e sociais porque ela é um empreendimento comunitário. Objetivando ter êxito na transição que ora depende do carisma de um presidente, é claro que o sistema político brasileiro apresenta problemas estruturais e debilidades institucionais. A democracia enfrenta em todo o mundo o dever de ampliar debates sobre seu futuro em participação política e reforma necessárias, porque se deve afastar a sociedade de concepções fascistas totalitárias que acabaram de transformar o fascismo em uma seita.

Ordem, autoridade, disciplina, hierarquia e obediência em excesso fazem parte da mentalidade fascista. Nesse conceito, não se aceitam sentimentalismos: nada de ter pena dos outros porque em sua concepção a virtude de líderes resume-se em desumanidade que faz do grupo uma máquina impessoal com desprezo por qualquer forma de compaixão; vivem falsamente ao culto de macheza, perigo, heroísmo, morte dos mais fracos, defesa às armas, falta de compaixão pelos mortos da pandemia, e apologia a torturadores.

Não há patriotismo quando se pede o fim da democracia porque o candidato de minorias perdeu a eleição. Verdadeiros patriotas respeitam resultado de urnas e atribuições constitucionais, porque não se pode ter uma Pátria à margem de leis. Práticas do atual governo têm mentalidade atrasada, visão de crescimento dos anos 1960 com falta absoluta de reflexão no desejo em continuar a pensar limitado, em querer atraso, golpismo por exploração comercial e política de religiões, políticas anti-indígenas e anti-amazônicas, vivendo no negacionismo – tudo oposto à racionalidade e à consciência coletiva para o bem e à ciência.

Entende-se que faz parte da democracia a manifestação pacífica porque a democracia brasileira não é um pacto de silêncio cujas pessoas não podem se manifestar, porque a sociedade está sempre em movimento. Todavia, não se esperava o atual processo de violência da extrema direita. Para garantir a governabilidade, é preciso ampliar alianças e chamar a população que entende o que realmente está acontecendo no país para continuar. Afinal, em breve, em 2023, problemas de ordem social e econômica significarão muito mais que sustentar brigas por pirraças. O Brasil precisa de todos!