A Reforma Trabalhista de Temer e a Reforma da Previdência de Bolsonaro não melhoraram a vida dos trabalhadores. Tais reformas foram direcionadas aos benefícios dos patrões e do Estado. Os trabalhadores perderam benefícios e tornaram-se mais vulneráveis e instáveis. Os que desejam ingressar no mercado de trabalho são mais prejudicados e dificilmente chegarão à posição em que seus pais alcançaram na mesma idade. Sentem-se frustrados, desanimados e inferiores em relações aos pais, pois sequer conseguem o primeiro emprego protegidos por benefícios da ocupação formal, e tal percepção gera um ambiente negativo no país.
Quanto aos demais cidadãos em situação de desemprego ou desalento, ficar inativo prolongadamente desemboca uma geração perdida. Além do desânimo, não acompanham as mudanças tecnológicas e se tornam obsoletos. Em 2019, a Educação do brasileiro não melhorou, e muito menos a dos trabalhadores. É fundamental melhorar a educação básica para que as pessoas consigam absorver mudanças tecnológicas. Muitos desempregados reclamam que não estão aptos a trabalhar com a tecnologia vigente.
Quem viveu o período de bonança do Brasil, FHC até Dilma se acostumou a viajar de avião, a usufruir de melhores salários, acesso à cultura, à medicina e à educação, conquistando estabilidade financeira e emocional e se consolidou como classe média no Brasil. Desde a crise do subprime, a tragédia financeira desencadeada em 2008, que provocou a queda do índice Dow Jones motivada pela concessão exagerada de empréstimos hipotecários de alto risco, arrastou vários bancos à situação de insolvência, prejudicando todas as Bolsas de Valores do planeta. A crise foi motivada pela concessão desenfreada de créditos imobiliários através de empresas controladas pelo governo americano que afetou todo mundo.
Desde então, o Brasil vem sofrendo reflexos da diminuição do comércio internacional, principalmente com a redução do preço das commodities, com o impeachment de Dilma Rousseff que consistiu no impedimento da continuidade do seu mandato em 2016. De lá para cá, as coisas degringolaram nos governos de Temer e Bolsonaro. O povo adaptou-se a outros patamares de emprego, com rendas menores e perdeu muito do que havia conquistado: empobreceu, salários em geral diminuíram, estabilidade se foi e vive-se um patamar de insegurança.
Quem experimentou a vida mais abastada, em geral, não goza das mesmas regalias de outrora e sente dificuldades em se adaptar a serviços inferiores. É como trocar de lado do balcão: antes era atendido e exigia atenção, qualidade e preço bom; agora, para sobreviver à nova realidade, terá que atender às pessoas, servindo-as da mesma maneira que foi servido durante quase duas décadas. A maioria não aceita perder o status de bom comprador e, por força de necessidades, passar a servir.
Muitas pessoas ‘desalentadas’ que desistiram de procurar emprego, até por falta de qualificação, não querem se submeter a trocar de lado do balcão e passar a servir. Revoltam-se e culpam governantes por crises, fracasso individual por não se manterem atualizadas às novas tecnologias, ao invés de perceber que também têm culpa, pois a economia é cíclica, com períodos de bonanças e crises. Na crise, é essencial estudar economia, história e política, ter maior empenho, participar mais e ver a vida além do umbigo, e alcançar uma maturidade em prol do próximo. É hora de trocar o lado do balcão!