No ano passado, em todo o país, foram registrados 1.424 acidentes de origem elétrica e 214 mortes; números poderiam ser menores com a utilização do dispositivo DR
O número de vítimas de choques elétricos cresceu no ano passado, em comparação com 2017. É o que mostra o Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica, divulgado em maio passado pela Associação Brasileira de Conscientização dos Perigos de Eletricidade (Abracopel). Em 2018, foram registrados 1.424 acidentes com origem elétrica em todo o país, com 836 choques, 537 incêndios por sobrecarga ou curto-circuito e 51 descargas atmosféricas (raios), o que representa um aumento de 2,67%.
Somente no ano passado, no Brasil, foram registradas 214 mortes por choques elétricos, 61 por incêndios e 38 por descargas elétricas. As crianças estão entre as principais vitimas de acidentes com eletricidade. Em 2018, foram 34 vítimas entre as crianças de zero a dez anos, (5%), sendo 20 delas de zero a cinco anos (3%). Entre as principais causas estão justamente as tomadas sem proteção, os fios desencapados, as extensões e a fuga de corrente em eletrodomésticos.
Boa parte dos acidentes fatais com choques poderia ter sido evitada com a utilização do Dispositivo Diferencial Residual (DR), cuja função é detectar pequenas fugas de corrente em circuitos elétricos, acionando o desligamento imediato da alimentação e evitando que ocorram acidentes. Em resumo, o DR é um interruptor que monitora variações de correntes elétricas de intensidade pequena (de centésimos de ampere) – e desliga em casos de fuga, função que um disjuntor comum não executa – mas que se percorrerem o corpo humano, podem ser fatais.
Apesar de ser de uso obrigatório desde 1997, pela norma brasileira NBR 5410, o DR não está presente na maioria das residências – muitas construções são antigas e não foram modernizadas. De acordo com o Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre), somente 27% das edificações deste tipo contam com o DR.
Mesmo o equipamento não tendo custo elevado, cerca de R$ 130,00 nas casas especializadas da região, a explicação para a não utilização do DR está na “alta sensibilidade” do dispositivo, segundo Ivan Chiamulera, Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho de Pato Branco.
“O DR detecta qualquer fuga de corrente. No caso de uma criança colocar algo na tomada, por exemplo, o dispositivo corta na hora e evita o acidente. Mas, qualquer anomalia, como um fio desencapado ou uma conexão oxidada, pode fazer o DR atuar, desligando a energia”, explica Chiamulera, que é inspetor da Inspetoria de Pato Branco do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR).
“O DR não dispensa o disjuntor termomagnético. Para ter resultado, é preciso colocar um dispositivo por setor: um para cada chuveiro, isolar a iluminação da casa, da área de serviço. Quanto mais compartimentar, melhor. O problema está no custo, que aumenta quanto maior o número de DRs colocados”, observa Chiamulera.
Para a aplicação do DR com sucesso, a recomendação é que o projeto seja feito por Engenheiro habilitado e executado por profissionais capacitados. O Engenheiro Eletricista Ivan Giovani Barbieri Salvati, de Francisco Beltrão, atua na área de projetos residenciais e prediais e ressalta a importância de se executar a instalação com qualidade.
“O projeto, além de ser elaborado por um profissional competente, tem que contar com bons materiais e com profissionais gabaritados. Na hora de passar a fiação pelos dutos, pelas caixas metálicas, é preciso cuidar para que não ocorram danos, como pequenos cortes nas capas dos fios. O DR é efetivo, um excelente dispositivo de segurança. Só que, para funcionar, as instalações têm que estar em ordem, para não haver a mínima fuga de corrente”, aponta Salvati.
Se o uso do DR ainda não está ao alcance de todos, é possível adotar algumas precauções para evitar choques em casa. Quem tem crianças pequenas deve vedar todas as tomadas com protetores especiais ou com pedaços de esparadrapo largo. Os especialistas também recomendam que as instalações elétricas sejam avaliadas a cada cinco anos, pelo menos, por profissional legalmente habilitado e, de preferência, atualizado, em função das novas tecnologias que surgem.
Outras dicas
Nunca manipule equipamentos com as mãos molhadas, nem se os equipamentos estiverem molhados.
Sempre desconecte a energia da tomada quando for realizar manutenções ou a limpeza.
Verifique se todos os equipamentos são certificados pelo INMETRO, pois equipamentos de procedência duvidosa podem esconder riscos.
Verifique sempre os fios e os plugues para ter certeza que nenhum deles está rompido, desencapado ou chamuscado.
Nunca tente consertar equipamentos que não conhece; neste caso, solicite a presença de um técnico.
Não faça emendas nos fios; caso haja necessidade, solicite que um profissional certificado efetue o serviço.
Fonte: Abracopel