A propaganda nazista de 1930 foi baseada no slogan “Alemanha acima de tudo”; o Brasil, em 2019, com “O Brasil acima de tudo”, um plágio infeliz. Após 60 dias de governo, os comentários do Brasil no exterior são: o jornal francês Le Figaro publicou “Brasil: crescimento fraco, um número desapontador”; Wall Street Journal, falou em crescimento desbotado. A agência chinesa Xinhua apontou que ainda o Brasil está abaixo do nível de 2014. O Capital Economics soltou uma nota de que o PIB brasileiro desaponta aqueles que esperavam que o crescimento aceleraria após a vitória de Jair Bolsonaro. O Bloomberg Economics disse que o mercado de trabalho está mais fraco do que se esperava, resultado de uma economia mais fraca.
O governo Bolsonaro disse que veio moralizar o Brasil. A economia parece se resfriar, mesmo sem ter convalescido. A criação de empregos, que já era medíocre, perde o ritmo. A confiança dos empresários diminuiu. O Brasil é mal instruído e violento: mais de 60 mil brasileiros são assassinados por ano e mais 40 mil morrem no trânsito. É tão desigual e injusto tal que a indústria é ineficiente, de baixa eficiência e produtividade. Guedes, ministro da Economia, iniciou a redução do Estado e estabeleceu prioridades como reforma da Previdência, privatizações, redução da carga tributária e redução da atuação dos bancos públicos. O governo tem que ser um árbitro e não um jogador ativo. Reduzir gastos e intervir na economia implicará em grande perda de curto prazo.
Quando se pensava que se tinha visto tudo neste início de ano, o Ministro Vélez, da Educação, colombiano, empurrou deveres cívicos e religiosos pela garganta dos brasileiros. Semanas antes, declarou que queria reformar canibais, chamou os brasileiros de ladrões de assentos salva-vidas de aviões, mandou alunos e pais vigiarem professores, expôs crianças, tentou difundir slogan partidário e atentou contra a laicidade do Estado. Escola autoritária produz pessoas incapazes de escolhas próprias e condena ignorância e pobreza em vez de oferecer-lhes uma saída.
Qual é plano concreto para que a educação brasileira garanta a aprendizagem dos 49 milhões de alunos matriculados na Educação Básica? É preciso ensinar crianças a ler e a escrever, dar-lhes oportunidades de compreender o mundo e de realizar seus sonhos. Fortalecer a democracia está diretamente relacionado à capacidade de construir educação de qualidade a todos, com escola pública que forme cidadãos capazes de participar e de contribuir com as esferas econômica, política, social e cultural.
É necessário lembrar que o procurador da República do Distrito Federal, Carlos Lima, enviou à Procuradoria-Geral da República, representação que trata da suposta prática de peculato e improbidade administrativa por Jair Bolsonaro. A suspeita é de que, quando ainda era deputado federal, o presidente tenha mantido uma funcionária fantasma em seu gabinete na Câmara, Nathália Queiroz, filha de Fabrício de Queiroz, motorista de Flávio Bolsonaro.
Outro fato importante, na reforma da Previdência é que está se propondo tirar da constituição a regra que garante reposição da inflação aos benefícios pagos aos
segurados. Pode-se chegar ao ponto de defender reajustes excessivamente inferiores à inflação ou mesmo ter a ausência de reajustes.
Por fim, teme-se a face cinza do presidente: quando foi dar posse a diretores da Itaipu, no seu discurso, elogiou o ditador Gal. Alfredo Stroessner: acusado de corrupção e autoritarismo, expulso do Paraguai em 1989, manteve-se à força no poder por 35 anos, mandou torturar milhares de pessoas e matar centenas além da sua fama de corrupção e pedofilia. Também recebeu no Palácio do Planalto Juan Guaidó, da Venezuela, com honras de chefe de Estado, fato que desgostou os militares do seu governo. Em 2006, quando deputado, ao passar na Embaixada do Brasil no Chile, enviou mensagem ao neto do “saudoso Gal. Pinochet”. Todos querem um Brasil melhor, com Plano de Ação que deixe claro o que acontecerá neste governo.