Destruição dos países periféricos

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Suspeita-se de que a América do Sul está imersa em um transe coletivo. Há movimentos no Chile, Argentina, Equador, Peru, Bolívia, Venezuela e logo no Brasil. É claro que está em curso um levante popular contra as mazelas do liberalismo econômico. Na última década, o planeta assistiu às manifestações na Argélia, Tunísia, Egito, Venezuela, Turquia, Ucrânia, Armênia, Hong Kong, Tailândia e Brasil. As violentas insurreições na vizinhança do Brasil têm em comum suas causas: política-antissocial, desemprego, arrocho, aposentadoria degradante, salário baixo, preços altos, transporte caro e saúde doente.

Por outro lado, o economista Mário Centeno, eleito presidente de Portugal em outubro, quando ministro da Economia, mesmo mantendo em alta a despesa social, reduziu o desemprego, equilibrou o orçamento e produziu o crescimento acima da média da União Europeia. É de visão socialista e declarou que a redução do papel do Estado foi longe demais nas últimas décadas.

Como exemplo de reforma liberal na América Latina, o Chile apresentou nas últimas três décadas o melhor desempenho econômico entre os principais países da região: insere-se ao quadro de turbulências recentes no continente, como Argentina, Equador e Peru. É possível associar grandes e violentos protestos que tomaram as ruas das cidades do Chile às jornadas de julho de 2013 no Brasil.

No Chile, a desigualdade de renda é a causa principal de protestos. Um milhão de chilenos foram às ruas contra o alto custo de vida no país. O movimento reflete à insatisfação com grande desigualdade econômica e custos de saúde e educação. Não há mais o que privatizar por lá nem reforma da Previdência a fazer. Já foi feita. Vigora no país, desde 1981, o regime de capitalização, sem contribuição empresarial, o que é uma aberração. O sistema previdenciário chileno paga menos de um salário mínimo para 70% dos aposentados. Na Argentina, a pobreza atinge 52% da população.

Paulo Guedes nunca exerceu um cargo público e está deslumbrado com a função de ministro, e conduz o Brasil ao mesmo caminho dos irmãos latinos. É ilusão achar que a reforma da Previdência melhorará a situação do país. Lembram-se de que o Governo Temer afirmou que a reforma trabalhista geraria 6 milhões de empregos? Quando o atual governo ratifica que o Brasil economizará R$ 800bi, ele sabe que haverá consequências como aumento da violência, doenças e desemprego; e retirará de circulação dinheiro à educação, saúde, assistência social e segurança.

Nas últimas décadas, enquanto o PIB mundial cresceu em média 2,5%, as aplicações financeiras renderam em média 7% ao ano. Privatização, desregulação do emprego, abertura comercial são vistas como solução. Querem, na verdade, capturar o Estado brasileiro e dispor de suas rendas e do patrimônio público, quando exigem sua privatização. Só para lembrar, FHC vendeu parte do patrimônio do povo brasileiro por US$ 100bi que valia cerca de US$ 2tri. Vê-se, a gestão brasileira nas mãos de pessoas inexperientes, mal-

intencionadas e aproveitadoras do patrimônio brasileiro. Se o povo não ‘acordar’, este governo entregará o Brasil ao capital estrangeiro; e depois, não adianta chorar ou ir às ruas