Desfile intimidatório

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Na campanha eleitoral de 2018, Bolsonaro prometeu nova política e ética, além de dar fim à corrupção e ao mau uso do dinheiro público. Mas o que ele tem feito é muita confusão e na semana passada, tentou intimidar deputados federais quando da votação sobre a decisão do voto impresso, dando ordens ao comboio da Marinha para que fosse usado a constrangedora encenação, passando a ilusão de que as Forças Armadas existem para defender seus interesses.
A imprensa estrangeira interpretou o desfile dos tanques em Brasília como ataque à democracia e movimento sem precedentes desde a redemocratização do Brasil. O jornal Britânico The Guardian chamou a parada de “desfile militar da República das bananas de Bolsonaro” e lembrou que o ato com veículos blindados circulando pelas ruas de Brasília ocorria enquanto o Congresso se preparava para votar planos a fim de assegurar o sistema de votação do Brasil.
O Financial Times classificou o desfile antes da votação como ataque à democracia. O jornal The New York Times afirmou que Bolsonaro tenta deslegitimar a urna eletrônica, o que leva a temores quanto a um golpe de Estado. O francês Le Monde ratificou que o ato militar promovido por Bolsonaro ocorreu em meio a uma crise com o Poder Judiciário. Resumindo: vergonha internacional.
As Forças Armadas aceitaram o papel de personagens da arena política, enfraquecendo-se diante do planeta. O desfile de blindados na Praça dos Três Poderes coroa uma sequência de episódios onde a farda militar é explorada como ferramenta de intimidação. Bolsonaro sempre foi absolutamente transparente a respeito dos seus propósitos liberticidas e demonstrou inúmeras vezes que não está disposto a seguir nenhuma regra.
Às vésperas do golpe militar de 1964, a economia desabou e a inflação acelerou. Vive-se algo semelhante. Para evitar essa enrascada, é preciso fazer que Bolsonaro respeite as regras da democracia brasileira. Os grandes empresários e intelectuais do Brasil, especialmente os da Faria Lima, declaram que se arrependeram de ter apoiado Bolsonaro em 2018, porque não esperavam que ele ameaçaria as instituições democráticas. A sociedade civil não está disposta à nova aventura ditatorial.
Bolsonaro tem desautorizado o sistema de votação vigente, difundindo inverdades sobre o regime democrático brasileiro: o respeito à vontade do eleitor nas urnas. Na grave situação do Brasil, constata-se condução criminosa do combate à pandemia, de destruição da ciência, educação, meio ambiente, cultura, suspeita de corrupção no Ministério da Saúde, chance de apagão elétrico, rodovias quase intransitáveis, famílias inteiras vivendo na rua, outros 40 milhões passando fome, 15 milhões de desempregados, outros 4 milhões desalentados e 29 milhões subempregados, inflação e juros ascendentes.
O país em pleno caos oferece mísero auxílio emergencial à população enlutada enquanto gastam-se horrores em segurança para motociatas e inaugurações que não têm nexo fazê-las, e perde-se tempo discutindo urna eletrônica. O presidente e seus ministros precisam trabalhar para resgatar o país, e não utilizar o tempo inapto para fazer campanha à tentativa de reeleição, mobilizando, inclusive, as Forças Armadas. Chega de um governo marcado por ódio, desprezo, racismo, conspiração e corrupção! É vexatório aos brasileiros exibir a situação atual do Brasil ao mundo!