A democracia sob a ótica da educação

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A crise de aprendizagem na educação brasileira é a pior de nossas múltiplas crises: é silenciosa, tem limitado o crescimento do Brasil e contribuído enormemente à desigualdade na distribuição de renda e no acesso a oportunidades. A Varkey Foundation, organização voltada à educação, criou o “índice Global de Status de Professores 2018” e, para tal, entrevistou mil pessoas entre 16 e 64 anos, em cada um dos 35 países avaliados, e cerca de 5,5 mil docentes. Segundo a pesquisa, apenas 9% dos entrevistados brasileiros responderam que os alunos respeitam aos professores, cuja colocação do Brasil ficou na última posição na pesquisa, 35º lugar. Na China, o índice é de 81%. O Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID detectou o risco desse desastre quando publicou, há quatro meses, um livro explicando o desprestígio dos professores da América Latina. O PISA, Programa Internacional de Avaliação de Alunos, coordenado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE, na sua última edição, avaliou 70 países, o Brasil fica com a 65ª posição em Matemática; 63ª, em Ciências; e 59ª, em leitura.

A percepção da falta de respeito dos alunos, salário insuficiente e carreira pouco atrativa afasta novos bons professores. Numa sociedade livre, as escolas deveriam funcionar como centros de produção e difusão do conhecimento, abertos às mais diversas perspectivas de investigação e capazes de refletir os infinitos matizes da realidade. Deve-se assegurar sempre um ambiente escolar acolhedor, respeitoso às múltiplas diversidades e que seja de confiança para que professores e alunos sintam-se protegidos para expressar suas opiniões, aspirações e ideias para convivermos num aspecto de formação da vida democrática e produtiva.

Não cabe detalhar a vergonhosa aprovação do reajuste de 16,38% nos salários dos ministros do STF que, com seu efeito cascata, ampliará o rombo das contas públicas em 6 bilhões/ano, causando consequências políticas e sociais. Idem à indicação de Temer para assumir o cargo de embaixador brasileiro na Itália, propiciando-lhe imunidade diplomática, escapando por ora dos seus processos judiciais. Tão grave é o erro da criação de um superministério da Economia, que resultará num monstro burocrático muito difícil de administrar, assim como a regulamentação da medida provisória que cria o Rota 2030, novo programa de incentivos ao setor automotivo brasileiro O programa estipula regras cujas montadoras deverão seguir para melhorar a eficiência energética e a segurança. Os fabricantes terão descontos em tributos se realizarem no Brasil investimentos em projetos de pesquisa e inovação. Os benefícios previstos na MP valerão por 15 anos. Pelos cálculos do governo, a renúncia total de receita deverá ser R$ 2,113bi para 2019; e R$ 1,646bi para 2020.

JB pretende realizar enorme reorganização administrativa do governo, aparentemente nebulosa, que ocasionará alterações profundas no Estado. Guedes enfatiza na privatização e pretende torrar nossas reservas cambiais. Pretendem alterar nosso sistema previdenciário e acabarão punindo milhões de trabalhadores. Todavia, adultos de hoje financiam adultos de ontem compromissados que, quando idosos, serão financiados por adultos de amanhã. Se o objetivo é combater a corrupção, o novo governo precisa ser mais ético e profissional, sem nomear “ex-corruptos”. É necessário ainda à nação que os jovens sejam mais bem educados e respeitem aos pais e aos professores para que todos vivam um futuro melhor!

Fonte: Edmundo Pozes da Silva