CORONEL DOMINGOS SOARES E O CONTESTADO

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No dia do Caboclo, que rememora toda uma história de ocupação das terras catarinenses do Oeste, ainda há fatos que são desconhecidos pela população e até por alguns historiadores. Entre estudiosos e pesquisas populares, e até na internet, encontramos uma história muita bonita de honradez e humanidade praticada pelo Coronel Domingos Soares, prefeito de Palmas de 1912 a 1916 e de 1925 a 1928.

O Coronel e Prefeito Domingos Soares teve uma participação de relevância na “Revolta do Contestado”, guerra da história brasileira que transcorreu de forma mais acentuada entre os anos de 1912/1916, coincidindo com a primeira gestão de Prefeito de Palmas de Domingos Soares. Um de seus grandes feitos foi o de tentar evitar a deflagração desta “guerra”, procurando aproximar o Coronel João Gualberto, comandante das tropas oficias do Paraná (estado ao qual pertencia nossa região) e o Monge José Maria, líder dos revoltosos agrupados no Irani.

Como era de seu dever, recebeu o então numeroso comboio militar no dia 18/10/1912, na região do Horizonte, próximo a Fazenda São Joaquim, hoje município de General Carneiro, prestando toda espécie de auxílio e hospitalidade às tropas e comandantes.

Com esse bom tratamento dado as tropas militares, conseguiu do Coronel João Gualberto autorização para ir ao encontro do Monge José Maria no Irani, o qual já era conhecido seu; queria, a todo custo evitar a deflagração da “guerra”, pois sabia, conhecendo ambos, o Coronel João Gualberto e o Monge José Maria, que o confronto se converteria num grande derramamento de sangue

Em 21 de outubro às 11 horas da manhã, o Prefeito Coronel Domingos Soares encontrou-se com o Monge José Maria levando consigo carta de rendição assinada pelo Coronel João Gualberto; o Monge duvidou das garantias oferecidas para o acordo; o Prefeito Domingos Soares afirmou ao Monge que, também, era, fiel garantidor do acordo na totalidade de suas condições a que lhe respondeu o Monge:
“Sim, pra o senhor eu podia ir, seu coronel prefeito, eu lhe conheço; mas, isso eu sei que lá não está no senhor, eu conheço; – Eu tenho 8.000 homens pra brigar, seu coronel”.

Diante de tais afirmações, a expedição do Coronel e Prefeito Domingos Soares tornou-se infrutífera, porém ciente de que fez o que podia de melhor diante dos fatos e da situação que se apresentava para evitar o pior, o derramamento de sangue; o desfecho da revolta resultou, além de inúmeros mortos e feridos, no falecimento do Coronel João Gualberto e do Monge José Maria.

Conhecíamos o município de Coronel Domingos Soares cujo território imenso faz parte da área de ação da Sicoob Valcredi Sul, assim com o Irani, mas, não entendíamos o porquê lhe fora dado esse nome; após conhecermos essa história passamos a admirar o Coronel Domingos Soares, tanto pelo município que herdou seu nome, quanto pela pessoa de paz e bem que aquele Prefeito de Palmas o fora.

O Monge João Maria, o Coronel Domingos Soares, o Coronel Manoel do Nascimento dos Passos Maia, o Delegado Pacificador, e mais recentemente o Historiador Vicente Telles foram homens, cujos valores, princípios e virtudes deixaram a marca de seus rastros na história não só de nossa região geográfica, mas na história do contexto do conhecimento e da bravura.

Passos Maia, 18 de outubro de 2019.

Fonte: Antonio Abilio Mantovani