Consciência social

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O Brasil chegou a 80 mil mortes por covid-19. Esse morticínio absurdo na história do país é assustador, somado à vida de milhões de pessoas desassistidas. Todos foram atingidos pela pandemia, mas se mostrou mais destrutiva às camadas mais pobres. As péssimas condições de habitações dos cerca de 20 milhões de brasileiros vivem em favelas. A pandemia expôs mazelas mal conduzidas há muitas décadas, e o momento pós-pandemia piorará a situação, lançando 15 milhões de pessoas à pobreza. Os brasileiros estão alijados da dignidade por falta de meios de sustento.

O Brasil é o segundo país em número de mortos e, provavelmente, levará mais tempo para se recuperar da crise sanitária que está agravando a situação econômica e social, cuja recessão prevê queda do PIB em 9,1% e, até o final de julho, prevê-se 15 milhões de desempregados. O governo falhou por não se apresentar em um papel ativo e positivo; como as receitas federais diminuíram e o desemprego aumentou, as medidas que por ventura tenham sido tomadas ocorreram tarde e em vão.

A perpetuação da vida se beneficia da diversidade de espécies, e a prosperidade dos homens é favorecida pela pluralidade de ideias e pontos de vistas em intercâmbio e entrechoque. Todavia, ninguém gosta de se ver exposto à crítica. A atual onda de nacionalismo corrói a sustentação da livre expressão, mesmo sabendo que o melhor modo de derrotar más ideias é por discussão e persuasão. A sociedade precisa evoluir e as ideias não podem sofrer represália porque a falta de diversidade do debate reduz e restringe as inovações.

Quem fica mais pobre no intelecto, geralmente, não costuma escapar do empobrecimento material. É preciso entender que propriedade privada, contenção do poder central e economia de mercado tinham como fim a liberação do indivíduo e não se opunham ao Estado ser o agente-meio dessa transformação social. Tudo isso vai além do boicote passivo contra quem tenha atitudes ou opiniões diferentes. A sociedade deve proteger-se da tirania da maioria e da opinião dominante da minoria, porém o problema atual é mais grave: a tirania da minoria.

A pandemia do covid-19 criou uma consciência coletiva que mudou o Brasil para sempre. Não se deve tolerar policiais que agem com truculência como o caso da mulher negra em São Paulo em que o PM ficou pulando no seu pescoço e quebrou a perna dela, o assassinato da Marielle Franco, os atos de desgoverno do Bolsonaro, as acusações não investigadas contra seus filhos, os mais de 8.000 magistrados que recebem acima de 100 mil reais, as injustiças, a pobreza, o desemprego, as falhas na Educação e na saúde, o desleixo ambiental e a falta de segurança.

Consciência social é o conhecimento que uma pessoa tem do estado de outros integrantes da comunidade, e saber como o ambiente pode favorecer ou prejudicar o desenvolvimento humano. Consciência social é a capacidade do outro se reconhecer como membro de uma classe social que mantenha relações com outras classes. O Brasil precisa encontrar seu caminho agora que se percebe que os desastres financeiros e biológicos que expõem o governo brasileiro que não está à altura do desafio.