Conflito distributivo e educação

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Com a queda do Produto Interno Bruto – PIB em 0,2% no primeiro trimestre de 2019, consolidam-se projeções de mais um ano perdido. Pelo menos 28,4 milhões de brasileiros estão em situação de subutilização no trabalho nos três primeiros meses do ano, conforme dados divulgados pelo IBGE. De 2015 para cá, a renda dos 40% mais pobres caiu 22%, enquanto a dos 10% situados no topo da pirâmide subiu 3,3%. É preciso aplicar recursos à educação, à saúde, à segurança, à infraestrutura e ao saneamento, pois esses aportes bem aplicados quebrarão mecanismos que reproduzem pobreza e desigualdade.

Será que alguém acredita que estrangulando a educação pode servir de alguma maneira ao Brasil e aos brasileiros? Se os brasileiros realmente quiserem um país dependente economicamente e o povo ficar empobrecido se transformando numa massa fragilizada e facilmente manipulável, basta asfixiar a educação. Todavia, se quiserem um Brasil próspero e competitivo, a educação tem que ser de qualidade, pois ela reduzirá pobreza e desigualdades e aumentará a renda das pessoas. O Brasil é um dos países mais desiguais do planeta, pois 5% da população possui 95% da renda. O governo não deveria chamar professores e alunos de idiotas e imbecis. Será que esses governantes passaram por dificuldades, percalços e desilusões e almejam a infelicidade alheia?

Por outro lado, as declarações de Abraham Weintraub, por ora Ministro da Educação, levaram duas procuradorias do Ministério Público Federal a entrar com ações pedindo apurações sobre sua conduta. Os MPF’s instauraram inquérito após o ministro enviar nota às escolas em que desautoriza pais, alunos e professores a estimularem e divulgarem protestos. Uma professora do curso de Direito da USP declarou que o ministro não tem competência legal para esse tipo de atitude porque fere o direito de liberdade de expressão e manifestação de alunos e professores, promovendo ingerência às famílias.

O Professor Pablo Ortellado, da USP, pesquisou as razões do protesto a favor do governo em 26 de maio. Seu grupo investigou questões perguntando aos manifestantes, na Avenida Paulista, qual entre uma lista de motivos, tinha sido determinante para irem às ruas. Surpreso, verificou-se que 75% simplesmente apoiavam as reformas; 8%, a Lava Jato; 6% protestavam contra o Centrão, entre outros. O que mais surpreende é o apoio a uma pauta totalmente impopular como a Reforma da Previdência possa levar pessoas às ruas para diminuírem seus direitos no presente e no futuro, sem dúvida, uma manobra política impressionante.

As 500 maiores empresas multinacionais privadas, reunindo todos os setores – bancos, serviços e indústria – têm 52% do PIB do mundo. Desde o início dos anos 2000, o PIB mundial dobrou. O volume do comércio se multiplicou por três e o consumo de energia dobrou em quatro anos. Se considerar a fortuna pessoal das 36 pessoas mais ricas do mundo, segundo a Organização mundial contra a pobreza, ela é igual à renda dos 4,7 bilhões de pessoas mais pobres da humanidade. As sociedades multinacionais privadas são as verdadeiras donas do mundo. Alguém tem dúvida de que essas organizações só almejam o lucro? Por isso, os governos precisam intermediar o crescimento da sociedade, incentivar o empreendedorismo, a inovação e, ao mesmo tempo, aplicar seus recursos para desenvolver a sociedade
colaborando à geração de empregos, diminuindo desigualdades e educando seus concidadãos.